Flow – À Deriva

Flow

Gints Zilbalodis · 2024

Crítica de

Review exclusiva do site, publicada em Março de 2025

“Flow” (ou então “Flow – À Deriva”, título em Portugal) é um filme de animação dirigido por Gints Zillbalodis que foi lançado originalmente em maio de 2024, mas em Portugal estreou nos cinemas apenas em fevereiro de 2025. O filme tornou-se notório por possuir um estilo de animação 3D não convencional e por não conter diálogo algum em sua longa metragem. No entanto, Flow tornou-se realmente mais conhecido após receber diversas premiações e ser indicado ao Óscar nas categorias de Melhor Filme de Animação e Melhor Filme Internacional, representando a Letónia.

A narrativa da obra acompanha um gato preto solitário num universo alternativo onde já não há mais humanos. Entretanto, com a vinda de uma grande enchente, ele precisa se aliar a outros animais e aprender a conviver e cooperar com estes de modo a sobreviver.

O filme pode parecer ter uma trama simples (e efetivamente tem), mas o seu objetivo não é mostrar o destino final ou inicial da história, mas sim o seu desenvolvimento. A animação foca-se em desenvolver os seus personagens ao longo da jornada, deixando que os espectadores possam retirar conclusões por si próprios. Dessa forma, a falta de diálogo no longa permite que haja uma maior liberdade de interpretação e mais tempo de contemplação para nós, audiência. Assim, eles conseguem contar uma história sem falar absolutamente nada.

Pessoalmente, eu gostei da retratação dos animais, personagens do filme, como sendo de facto animais, com todos os seus tiques, instintos e hábitos, algo que no mundo da animação torna-se escasso, já que os animais surgem geralmente de modo mais humanizado. Além disso, vale realçar que todo o trabalho dedicado aos comportamentos dos mesmos ficou incrível e extremamente realista.

Para mim, o filme me conquista através de todos estes elementos dos quais eu já referi. Eu fiquei extremamente interessado pelo protagonista que consegue ser muito cativante e fiquei fascinado por todo o universo e relações que este cria. No entanto, devo admitir que certas “conveniências de roteiro” me incomodaram bastante por serem tantas vezes utilizadas. Outro aspeto negativo, para mim, deve-se ao facto do filme não ter exatamente um começo e um fim, deixando um sentimento de que falta alguma coisa.

Por fim, gostaria de deixar claro que este filme pode não ser tão atrativo para algumas pessoas, podendo ser um pouco tedioso ou monótono e, definitivamente, é um filme criado com o intuito de ser uma experiência audiovisual para aqueles que gostam de cinema.