O cinema é a arte que move milhões de pessoas a saírem de suas casas todos os anos para assistirem filmes. Independentemente do género cinematográfico, os filmes conseguem passar mensagens e transmitir emoções de uma maneira única. E um dos aspetos que quase sempre esteve relacionado com o cinema foram as sequências. 

É muito comum as empresas lançarem sequelas, ou até mesmo prequelas, de obras originais, principalmente aquelas que têm um sucesso maior. Geralmente, estes filmes são criados com o intuito de expandir o universo já pré-estabelecido, revelando mais informações e desenvolvendo melhor os elementos da longa-metragem inicial. Entretanto, aquilo que foi criado com o intuito de ser um “extra” tem-se tornado o “produto principal” na atualidade.

Nestes últimos anos, o cinema tem sido “bombardeado” de continuações e a previsão é de que este efeito não irá abrandar, mas sim aumentar. O cinema nada mais é do que um mercado e, assim como qualquer outro mercado, quanto maior for a procura, maior será a necessidade dos fornecedores de aumentar a oferta disponível de modo a saciar esta necessidade dos consumidores. Desta forma, o crescente número de sequências deve-se, primordialmente, ao aumento da carência do público pelas mesmas.

A bilheteria de um filme no cinema é a melhor forma de entender a repercussão que o mesmo obteve no mundo, permitindo entender melhor as preferências dos consumidores, tendo em conta quanto valor monetário cada filme gerou. Com o ano de 2024 próximo de acabar, segue o ranking das maiores bilheterias mundiais do ano (https://www.boxofficemojo.com/ consultado a 18/12/2024): 

1. Inside Out 2 (US$ 1 698 milhões)

2. Deadpool & Wolverine (US$ 1 338 milhões)

3. Despicable Me 4 (US$ 969 milhões)

4. Moana 2 (US$ 719 milhões)

5. Dune: Part Two (US$ 714 milhões)

6. Godzilla x Kong: The New Empire (US$ 571 milhões)

7. Kung Fu Panda 4 (US$ 547 milhões)

8. Wicked (US$ 527 milhões)

9. Venom: The Last Dance (US$ 475 milhões)

10. Beetlejuice Beetlejuice (US$ 451 milhões)

Inicialmente, a lista parece normal, mas a análise da mesma torna-se no mínimo curiosa quando se repara que entre os 10 filmes com maiores bilheterias do ano, 9 são continuações. O único que não obedece a este critério é Wicked, mas este também não se trata de um filme original, e sim de uma adaptação. Ademais, a dominação das continuações no cinema não fica exclusivamente reservado ao top 10, já que entre as 25 maiores arrecadações, estão presentes 17 filmes que podem ser considerados como sequels, prequels ou spin-offs

Para este artigo também não foram levados em consideração Mufasa e Sonic 3, mais duas obras cinematográficas que serão lançadas neste ano e seguem esta mesma restrição. No entanto, estes dados não são simplesmente uma coincidência exclusiva deste ano. Este fenómeno das “continuações” não vem de hoje, já que, ao verificar os 10 filmes com maior bilheteria da história, apenas 2 filmes realmente originais aparecem (Avatar e Titanic).

Mas afinal, o que isto significa? Isto quer dizer que as empresas deixaram de produzir obras inéditas? Existem apenas “ideias recicladas”? 

Na verdade, não. Dezenas de filmes originais continuam a ser lançados anualmente nas salas de cinema. Todavia, o público em geral acaba por optar permanecer em sua zona de conforto com aquilo que já lhe é conhecido do que se aventurar em novas descobertas, o que é a principal causa deste efeito de primazia por continuações. Assim, a mensagem transmitida às empresas quando uma continuação chega a render o triplo de um filme original é: 

Dê ao povo o que ele quer