Opinião de Daniela Dias
Artigo exclusivo do site, publicado em Dezembro de 2024
Aumento de preços, escassez de oferta e desigualdades sociais – a crise habitacional exige uma ação urgente para garantir que passa a ser um direito e não apenas um privilégio.
A crise habitacional em Portugal tem-se agravado drasticamente nos últimos anos, tornando-se um dos problemas sociais mais permanentes do país. O aumento exponencial dos preços das habitações, aliado à escassez de imóveis acessíveis e aos baixos salários médios, tem gerado uma crescente pressão sobre famílias de classe média e jovens que procuram começar a sua jornada independente. Este problema não reflete apenas a escassez imobiliária, como também as políticas habitacionais que temos atualmente em vigor.
Uma das principais causas da crise habitacional no nosso país é a especulação imobiliária, particularmente nas grandes cidades como Porto e Lisboa, mas também em regiões mais turísticas, como o Algarve. A crescente procura interna e externa tem deteriorado o nível de vida de várias famílias portuguesas, mas também de vários jovens, como nós, que procuram sair de casa, tanto por independência, como por necessidade de mobilidade para um novo emprego, entre outros motivos. Devido a este facto, vemo-nos obrigados a viver em casa dos nossos pais durante um período ainda mais longo de tempo ou a emigrar, tentando procurar um melhor estilo de vida e locais de trabalho que remunerem um montante mais justo para as qualificações que temos e as funções que prestamos.
Além disso, outro fator importante é a falta de oferta de habitação pública. Durante as décadas de 1980 e 1990, Portugal apostou numa política de privatização e desinvestimento no setor de habitação pública, tendo sido construído um número extremamente reduzido de infraestruturas deste tipo. Como o número de famílias a precisar de habitação pública tem vindo a aumentar significativamente nos últimos anos, o mercado privado não consegue apresentar ofertas suficientemente acessíveis.
Esta escassez também é agravada pela oferta insuficiente de terrenos para construção habitacional, especialmente nas áreas metropolitanas, em conjunto com a falta de regulação de especulação. Isto leva a que localidades periféricas, anteriormente mais acessíveis, se tornem em localidades muito apelativas para os consumidores, impossibilitando que as classes mais baixas possam comprar nestas zonas.
Apesar deste fenómeno afetar muitas famílias, também afeta vários jovens que planeiam, um dia, formar uma. Por ano, o acesso ao ensino superior a milhares de jovens é impossibilitado devido ao atual elevado custo de vida compilado com esta elevada despesa extra.
A fraca aposta do governo em residências públicas, em conjunto com a falta da regulamentação anteriormente mencionada, leva a que os preços de residências e habitações privadas aumentem. De 2023 para 2024, houve em Lisboa e no Porto, um aumento, em média, de 10% do preço, segundo os dados do INE e noticiado pelo ECO. Estas falhas afetam maioritariamente jovens naturais do interior do país, onde a oferta e o prestígio de ensino são menores, mesmo sendo em alguns locais nulos.
É essencial que o governo adote políticas públicas mais eficazes, entre as quais o aumento da oferta pública e uma maior regulamentação do mercado de arrendamento, como alguns especialistas sugerem. É imperativo que a habitação não seja vista apenas como um bem, mas como um direito essencial para a dignidade humana e para o bem-estar. Somente com compromisso governamental e da sociedade civil é que será possível garantir um futuro mais justo.
Alexandra
11 de Dezembro de 2024
Parabéns, boa escolha de tema!
Bárbara Gomes
11 de Dezembro de 2024
Parabéns, Daniela!