As startups têm vindo a transformar setores inteiros da economia global. Em 2024 existiam 4719 startups em Portugal, número que tem vindo a aumentar nos últimos anos. No entanto, existem barreiras que poderão travar o crescimento destas empresas.

As startups são empresas focadas em modelos de negócio inovadores e frequentemente tecnológicos, destacando-se pela capacidade de crescimento rápido e escalabilidade. Este tipo de empresa poderá trazer muitas vantagens e recuperar atrasos na economia portuguesa ocorridos nos últimos anos.

Startups estimulam a concorrência e a eficiência nos mercados onde atuam, ao introduzirem novas ideias e desafiarem empresas, incentivando a melhoria de processos e produtos. Isso revolucionará a estrutura da economia portuguesa, se realizar-se uma transição significativa de setores tradicionais para áreas baseadas em tecnologia e inovação.

No longo prazo, as startups resolverão um problema da economia nacional: a falta de emprego qualificado. Um dos principais contributos das startups é a criação de empregos altamente qualificados. Estas empresas atraem profissionais talentosos em áreas como engenharia, tecnologia e gestão, promovendo o desenvolvimento de competências e o fortalecimento do capital humano nacional. Além disso, ajudam a manter o talento jovem que iria emigrar em busca de melhores oportunidades.

Portugal tem-se destacado como um destino atrativo para investidores internacionais, em grande parte devido à crescente relevância das startups. Estes negócios emergentes captam financiamentos significativos de fundos de capital de risco, injetando recursos financeiros na economia nacional e ampliando a visibilidade do país no cenário global.

Já verificamos que o crescimento deste tipo de empresas é benéfico para o nosso país. No entanto, foi preciso criar condições, nos últimos anos, para que elas tenham, neste momento, um crescimento de forma sustentável e eficiente.

Nos últimos anos, Portugal tem vindo a destacar-se como um dos epicentros europeus para startups, ganhando reputação pela sua combinação única de talento, infraestrutura e ambiente favorável ao empreendedorismo. O país tem atraído atenção global em parte devido a eventos como a Web Summit, que traz ao país não só investidores, como startups de renome. Nos últimos dois anos, abriram escritórios de 13 unicórnios internacionais em Lisboa.

Nos últimos dois anos, abriram escritórios de 13 unicórnios internacionais em Lisboa.

Por outro lado, iniciativas governamentais, como o programa Startup Portugal, têm desempenhado um papel fundamental na promoção do setor. Este programa oferece incentivos fiscais, apoios financeiros e redes de mentoria que ajudam a reduzir as barreiras para quem deseja iniciar o seu projeto. Além disso, existem incubadoras e aceleradoras de empresas, como a UPTEC no Pólo Universitário, que ajuda o desenvolvimento e crescimento da empresa, evitando o fracasso precoce e melhorando a sua posição no mercado.

Várias startups portuguesas têm demonstrado que o sucesso é possível, mesmo a partir de um mercado pequeno como o nosso. Existem 6 unicórnios em Portugal, empresas avaliadas num valor superior a mil milhões de dólares americanos. Estas empresas de diversas áreas, como Healthtech e Fintech, revolucionaram os seus mercados, sendo referência em algumas partes do mundo.

Das 6 empresas unicórnio, só a Feedzai tem sede em Portugal, o que reflete a incapacidade de Portugal em manter grandes empresas no seu território.

No entanto, continua a haver desafios que necessitam de uma resposta urgente. Das 6 empresas unicórnio, só a Feedzai tem sede em Portugal, o que reflete a incapacidade de Portugal em manter grandes empresas no seu território. Existem diversos motivos para isto acontecer, mas há que destacar dois: investimento nacional insuficiente e a retenção do talento.

No curto prazo, as empresas não resolverão o problema da falta de emprego qualificado. Apesar de uma startup necessitar de engenheiros, gestores e outros profissionais qualificados, muitos acabam por sair do país em busca de melhores salários, algo que as empresas não conseguem responder.

As startups ao atingirem estágios de crescimento mais avançados, precisam de encontrar um elevado financiamento, sendo este no estrangeiro muito superior comparado com o nacional, obrigando as empresas a mudar-se para países como os Estados Unidos, onde estão localizados os outros cinco unicórnios.

As principais soluções para estes problemas passarão pelos incentivos fiscais do Estado, tanto para as empresas como para os trabalhadores, para que todos estes se mantenham no país. As parcerias entre as universidades e as startups são fundamentais para que os jovens ao acabarem a sua formação, entrem logo no mercado de trabalho e para que as empresas não tenham falta de mão-de-obra qualificada.

Portugal tem todas as condições para continuar a afirmar-se como um dos principais destinos para startups na Europa. Contudo, haverá algumas barreiras para ultrapassar. É preciso investimento contínuo, coragem para enfrentar os novos desafios e uma visão estratégica para alcançar o sucesso. Se fizermos tudo isso, as startups portuguesas poderão ser o motor da economia portuguesa.