Falar de regresso às aulas no Ensino Superior acaba por ser sinónimo de falar no regresso das praxes académicas. Tendo em conta que o Dr. Manuel Barros teve a oportunidade de experienciar a praxe académica, certamente em moldes bastante diferentes, bem como vivenciar a tradição académica durante vários anos, nomeadamente nos pós- 25 de Abril, a pergunta que eu gostava de fazer é: quais são os valores académicos de hoje em dia? De que maneira é que eles evoluíram desde essa altura até aos dias de hoje? E, essencialmente, se, à luz de vários acontecimentos que são do conhecimento público, a praxe precisa de algum tipo de reforma?

É um tema de facto pleno de oportunidade, numa altura em que se inicia o ano letivo. Um tema que está na ordem do dia, que merece uma reflexão aprofundada e cautelosa, por ter vindo a assumir como um tema fraturante no meio académico e na sociedade. O objetivo central da praxe, e que está nas suas origens, são os rituais de iniciação dirigidos aos novos alunos, que na sua gíria se chamam “caloiros”. A praxe, tem que ser vista no contexto das tradições académicas, com uma história que têm perdurada ao longo dos tempos, entrelaçando-se com a própria história da Universidade.

É na sua essência um código de conduta e de etiqueta, e as suas regras são dinâmicas inerentes às suas práticas, que devem ter uma grande capacidade de adaptação inovadora, aos sinais dos tempos, e são da responsabilidade exclusiva da sua organização interna. Quando relacionamos as tradições académicas, com o 25 de Abril, com a nossa revolução democrática, como a pergunta sugere, estamos apenas a centrar a nossa atenção num período em que as tradições estiveram sujeitas a algumas vicissitudes e limitações, e a praxe não esteve alheia, ao processo de mudança política, social e cultural.

É uma prática e um dinamismo social que remonta ao século XV, fazendo fé nos relatos sobre ao rituais e práticas eram submetidos os candidatos a essas instituições, pelos seus companheiros mais velhos, tendo a sua prática sofrido uma evolução até ao séc. XVII. Neste processo de evolução até aos nossos dias, tem vindo a ser alvo de episódios e práticas negativas, sendo visto como se fosse algo que tivesse piorado nos últimos tempos. Mas a história diz-nos que os laivos de violência, de humilhação, agressividade de linguagem e a crispação de relacionamento já remontam ao séc. XVII, XVIII… e, pelos vistos perduram até aos dias de hoje.

Os exageros e os desrespeitos são maus em qualquer circunstância, e desvirtuam as práticas e os valores que sustentam a vida humana nas suas mais diversas dimensões. Os valores são perenes, e o que varia e muda é a forma como os valores são vivenciados… E, a história das tradições académicas, de onde não se pode desligar a praxe, porque é umas das suas importantes dimensões, e são um património cultural do país.

E isso deve ser entendido na sua vertente mais positiva: como o contributo que os estudantes, durante a sua vida académica, dão à comunidade onde estão inseridos, à sua cidade e ao país. Portanto, é tendenciosa a posição de alguns autores, e até alguns dirigentes associativos, quando se afirma que as academias se limitaram a imitar Coimbra, e que a degeneração das tradições académicas tem a ver com cópias de má qualidade. Uma visão não verdadeira e sem fundamento, pela análise da história mais remota à mais recente. Avaliando até pela diversidade do “traje académico”, das festividades e até das práticas de praxe.

Coimbra é a mais documentada e a mais retratada pela literatura, apesar da riqueza da sua história e da sua marca e simbologia. Mas, falando agora na Universidade do Porto, as tradições académicas do Porto são, de facto, as mais próximas das de Coimbra. Aliás, a própria organização territorial e a dimensão da universidade, e a estrutura organização estudantil, determina que haja diferenças em muitas dimensões da identidade cultural das duas academias.

E, de facto, apesar das semelhanças na estrutura, há diferenças marcantes na vivência e na organização. Voltando ao assunto da praxe académica… Em Espanha, por exemplo, são marcantes as ‘novatadas’, onde sobressai a figura do caloiro. Mas a tradição portuguesa vai muito para além disso. E claro que, tal como tenho vindo a afirmar, não podemos ver a tradição académica de forma reducionista e muito menos centrada nos episódios menos felizes e positivos. Seria muito mau se deixássemos perder estes valores, e este contributo das tradições académicas. As formas como são desenvolvidas, a qualidade das tunas, a qualidade dos grupos corais e do orfeão académico, organizações de referência da Universidade do Porto e do País.

A qualidade de todas estas organizações que, no fundo, se desenvolvem com base na responsabilidade direta dos estudantes é extremamente enriquecedora, diferenciadora e que dignifica as instituições de ensino superior, a que pertencem e onde desenvolvem a sua atividade. Sendo a praxe um conjunto de rituais de iniciação, no que aos novos alunos diz respeito, são regras, regulamentos, que regem comportamentos de grupo. A questão é saber, se dentro da comunidade estudantil deve haver esta hierarquização tão marcada? Sem pôr em causa a autonomia das organizações estudantis, penso que desde que exista de forma equilibrada, razoável e sem radicalismos, não deve ser posta em causa de forma drástica e radical.

Na minha opinião, é um erro a sua proibição. Sou contra os radicalismos e os exageros que desvirtuam as tradições e a praxe. Tenho uma sensibilidade e um carinho especial por todas estas manifestações, porque integrei uma comissão para reimplantação das tradições académicas no fim da década de 80, onde a praxe teve o seu lugar. Uma luta grande, muitas incompreensões de carater doutrinal e ideológico. Tudo se ultrapassou. A praxe não é só a receção ao caloiro… Sem pretensiosos moralismos, estas práticas não podem ocupar tão intensamente o ano escolar, como infelizmente vai acontecendo.

Numa simultaneidade prejudicial do normal funcionamento da atividade lectiva. Contribuindo para uma polémica que tem vindo a crescer, provocando um afastamento dos estudantes de uma vivência marcante, de uma etapa importante da sua vida. O equilíbrio e o bom senso devem imperar entre os estudantes, e na sua relação com os órgãos de governo das Instituições de Ensino superior.

Inclusive se diz que as tradições académicas são uma demonstração de luta contra o regime e a opressão.

Precisamente. Mas, lá está, a praxe é apenas uma vertente dessas tradições académicas. E muitas vezes isto era mal interpretado, porque as tradições académicas eram conotadas com o antigo regime, quando nada disso tem a ver, muito pelo contrário… No entanto a praxe académica não é de esquerda nem de direita, nem está identificada com qualquer ideologia.

Então acaba por defender que, sendo a praxe feita em instituições do ensino superior, deve haver um bom senso natural nas pessoas que coordenam e lideram essas práticas de praxe para que não se excedam determinados limites e para tudo se manter dentro de uma normalidade aceitável?

Sem dúvida nenhuma. Com equilíbrio e bom senso, no respeito pelo código de conduta e ela corporiza, cujas práticas têm que ser analisadas com serenidade e acompanhadas para ser assegurado o seu rigor.

Até porque se torna muito difícil, e até contraditório, à luz da natureza da praxe, vigiar as atividades de praxe, como muita gente vem defendendo.

Claramente! O bom senso é fundamental. Neste sentido, o que esperamos da praxe é o equilíbrio, onde a adequação e a atualização dos usos e costumes, e a sua prática desprovidos de rigor, deixam bastante a desejar. A praxe por outro lado deve adotar uma atitude de proximidade inteligente com os estudantes. Adequada aos nossos tempos e aos índices de tolerância dos próprios estudantes, conseguindo-se, desta forma, incentivar uma maior participação dos estudantes.

O afastamento é uma realidade, num número crescente de estudantes. Não é que tenham receio, ou discordância de princípio, mas optam por não participar, porque não gostam da forma como são tratados, e sobretudo da intensidade e da longevidade dos rituais. Os estudantes que se afastam, na sua maioria, não vezes não são “anti-praxistas”, mas mais “apraxistas”… Estou convicto que vai imperar a boa vontade e a capacidade de diálogo das partes envolvidas, para conseguirmos uma coexistência equilibrada da praxe, no contexto das Instituições de Ensino Superior.

A FEP tem um corpo estudantil que sentiu muito a necessidade de se associar de modo a colmatar algumas falhas no âmbito dos programas curriculares, que muitas vezes são criticados por estarem algo ultrapassado e envelhecidos. De que maneira é que as associações conseguem colmatar essas falhas, nomeadamente na aproximação entre o ensino teórico e a sua vertente mais prática.

O Associativismo Estudantil e juvenil é uma escola de educação não-formal. Os estudantes que o integram adquirem competências que o sistema formal não consegue proporcionar de maneira direta e formal. E não me parece justo reclamar isso do sistema educativo, parece-me que isso faz parte integrante da missão do movimento associativo. Uma realidade que em vindo a melhorar e a desenvolver a sua ação com uma qualidade crescente, através do “diálogo estruturado”, onde se radica a participação dos jovens nas decisões políticas e na construção das políticas públicas para a juventude. Um instrumento importante, de concerta gestão das instituições do Ensino superior.

As Associações de Estudantes das Faculdades, por exemplo, acabam por desenvolver projetos e programas complementares, e cada vez mais assumem responsabilidades em concertação, de apoio aos estudantes e de prestação de serviços ás instituições de ensino e à comunidade criando oportunidades de formação prática muito importantes para os diplomados e futuros diplomados, em que a FEP é um excelente ecossistema, deste tipo de dinâmicas.

Se calhar só está ao alcance dos estudantes corrigir determinados problemas.

Sem dúvida nenhuma, nesta perspetiva de complementaridade e concertação de forma autónoma sem descurar o seu papel mas sindical de defesa dos estudantes, e de consciência crítica do sistema. O que o movimento associativo apresentado propostas e recomendações de mudança e melhoria que têm merecido a atenção e o respeito da tutela política e dos responsáveis pela gestão das IES.O processo de aquisição de competências transversais: os “soft skills” por parte dos estudantes ao longo do seu percurso académico, é um dos contributos mais importantes, o movimento associativo nas suas mais diversas dimensões.

A Universidade e as Faculdades vindo a implementar no âmbito da sua estrutura organizacional instâncias internas vocacionadas para estas problemáticas. Mas têm-no feito de forma muito articulada com os estudantes. A própria Universidade do Porto é um grande exemplo da articulação do movimento associativo estudantil e os órgãos de gestão da universidade. A FAP com a Reitoria, as associações de estudantes enfim, não tem dúvidas disso…

O próprio movimento associativo tem tido alguma evolução, no que toca à sua matriz. Um dos seus principais objetivos estratégicos é a defesa dos direitos dos estudantes. Um pouco uma força sindical dos estudantes. Por outro lado é, cada vez mais, uma estrutura representativa dos estudantes. Todos os representantes dos estudantes nas estruturas de decisão e de consulta, tem assumido cada vez mais o papel de órgão de concertação social dentro da própria universidade. Faz uma síntese do seu objetivo de representação e de reivindicação, e acaba por esbater a tensão entre os órgãos de governo e as associações estudantis, uma dinâmica de colaboração que é tem vindo a assumir uma importância crescente.

As organizações juvenis dentro das universidades, e até da universidade do Porto, têm protagonizado uma autêntica revolução silenciosa. Eu passo a explicar porquê: a dinâmica associativa é cada vez mais rica. Ou seja, as associações não são apenas organizadoras de eventos culturais, recreativos ou desportivos, vão muito para além disso. Organizam feiras, eventos científicos de grande gabarito internacional, para além de eventos que testam o empreendedorismo dos jovens, e que muitas vezes acabam com grandes startups e spinoffs, que estão a assumir uma posição muito interessante no mercado.

Aliás, a maior feira de emprego em Portugal organizada por estudantes é o Porto Emprego, liderada pela FEP Junior Consulting.

Essa é a prova do que eu disse, exatamente. Por outro lado, a promoção do emprego e da empregabilidade, como foi o caso do exemplo anterior. A Reitoria criou um Gabinete de Apoio ao Estudante e Empregabilidade / Employability Office, que entre muitas outras iniciativas desenvolve programa de mentoria “Acredita-te”, criado para ajudar os jovens que estão no último ano ou terminam a licenciatura a fazer um estágio e defenderem um projeto no contexto real de trabalho. E aqui o movimento associativo estudantil tem dado um grande contributo, primeiro porque também ele tem sido promotor do emprego.

Mas o contributo mais importante e mais estratégico é mesmo esse, a promoção da empregabilidade – os estudantes ao participarem em toda esta panóplia de iniciativas estão a desenvolver competências que estão a construir a sua capacidade de se tornarem técnicos, licenciados ou mestres que sejam empregáveis no futuro. São competências cada vez mais valorizadas pelo mercado de trabalho.

O Dr. Manuel Barros disse, em entrevista à [revista] SIM: “Fui presidente da AE da católica, em Braga, onde tive a honra de participar no movimento de reimplantação das tradições académicas e dos valores académicos”. Ou seja, já ocupou um cargo muito importante, líder de uma associação universitária. Em retrospetiva, que benefícios se retiram de uma experiência como essa?

Influência fulcral no meu futuro profissional. Foi aquilo que mais marcou as minhas opções profissionais. Desde logo porque foi onde aprendi a fazer coisas que pela sua simplicidade são muito importantes para o funcionamento de qualquer organização: Escrever uma ata, fazer um orçamento, negociar um projeto, liderar uma equipa, distribuir funções…

Adquirimos muito conhecimento, muita teoria, mas a prática é fundamental. Tudo competências que são cada vez mais valorizadas, sempre foram, mas cada vez mais…Apesar de todas as lacunas que possamos apontar o processo educativo evoluiu muito, e o estado da arte melhorou significativamente. Claro que devemos descurar uma sólida formação académica, técnico, científico, ao que devemos acrescentar estas competências. Não chamaria uma experiência importante, mais do que isso, este tipo de experiências são muito gratificantes.

E foi precisamente, nesse contexto da participação no associativismo estudantil, onde tive oportunidade de dar o meu contributo ao processo de recuperação das tradições académicas. Numa a altura, as tradições académicas em Braga praticamente não existiam. Uma cidade que sempre teve grandes tradições marcadas por uma irreverência saudável, tão marcadas e ricas como Coimbra, onde se destacavam o 1º de Dezembro e o Enterro da Gata que, em boa hora, vieram a ser revitalizados pela Universidade do Minho.

O que aprendi no movimento associativo vai muito para além disto. Vivi e trabalhei de forma desinteressada, sem pensar que fosse um meio para qualquer outro fim que não fosse a vontade de fazer coisas e defender os interesses dos estudantes. Foi uma experiência fantástica e, sobretudo uma aprendizagem que marcou toda a minha vida.

Um outro tema que gostava de abordar é algo sempre presente numa faculdade de economia, trata-se do pós-licenciatura. Como é que um aluno que sai licenciado, por exemplo, da FEP, depois de um curso de 3 anos que é tão abrangente e tão variado, consegue singrar num mercado de trabalho tão feroz e competitivo.

A entrada no mercado de trabalho é um processo de responsabilidade repartida, e não apenas das instituições do ensino superior, porque as Universidades e os Institutos politécnicos não são centros de emprego. Este é um assunto marcado por alguma controvérsia, mas 11 a Universidade tem a sua missão muito bem definida: o ensino, a investigação e a ligação com a comunidade e com mercado de trabalho.

Sendo esta dimensão de ligação com a comunidade, suportada pela atividade pedagógica e pela investigação, que vincula a sua responsabilidade na criação de condições de acesso dos seus diplomados ao exercício da atividade profissional. Sendo esta uma das formas mais importantes de transferência do conhecimento produzido para o mercado. Mas esta questão é extremamente complexa, é um processo de responsabilidade repartida. A responsabilidade está nas instituições de ensino superior, e neste caso concreto na FEP.

Está no Estado, através das suas instâncias competentes, o Instituto de Emprego e Formação Profissional, o Instituto Português do Desporto e Juventude, o IAPMEI, e outras de forma mais direta ou indiretamente relacionadas com este assunto, quer como promotores de condições de emprego por parte do setor empresarial e social, quer como empregadores diretos.

Cabendo o Estado, cada vez mais, induzir a criação de riqueza, deixando às empresas e à economia social o papel central na criação de emprego Sendo a responsabilidade individual de cada jovem, cada estudante e de cada diplomado o terceiro pilar deste processo, através do seu percurso de formação científica e técnica, e da sua formação humana e empreendedora na construção da sua empregabilidade, ou seja, da sua capacidade de se tornar empregável. Uma dinâmica que começa no momento em que entra na faculdade.

Então sumamente aquilo que pretende dizer é que o emprego e a empregabilidade dependem em muito do esforço e do trabalho do estudante.

É exatamente isso que eu pretendo dizer. E penso que a chave desse problema tão atual está aí. Claro que há problemas, aliás discute-se muito a questão dos estágios, é uma questão polémica… Esta convergência, entre as instituições de ensino e formação, o Estado e as empresas, é fundamental em todo este processo, para que os jovens tenham um acesso digno ao mercado de trabalho e ao emprego.

Mais do que uma responsabilidade social dignificação da carreira profissional dos jovens é imperativo civilizacional. Um aspeto que é muitas vezes posto em causa. Não basta ter emprego, não chega. É preciso que dignificar empego e as condições de trabalho dos nossos diplomados. Uma questão que está para além da conjuntura socioeconómica e política, afirmando-se como uma responsabilidade civilizacional. Uma sociedade que não sabe potenciar o conhecimento gerado dentro das suas instituições de ensino não tem o seu futuro assegurado. No entanto, a responsabilidade pelo emprego começa quando o jovem entra pela primeira vez na escola.

O jovem assumir progressivamente a responsabilidade pelo processo de aquisição de competências complementares. Ángel Gurría Secretário-geral da OCDE, afirmou em 2014, que “as competências transformaram-se na moeda global do século 21”. Reforçando a este propósito, que sem um investimento adequado em competências, as pessoas permanecem à margem da sociedade, o progresso tecnológico não se traduz em crescimento económico, e os países não podem competir num contexto global, que se baseia cada vez mais no conhecimento.

Há também a questão de tentar garantir que todo esse conhecimento permaneça no país.

Precisamente, mas isso é outra questão complexa e de reposta muito extensa, Os jovens devem preparar o seu futuro, com atitude e de forma flexível, porque pode haver necessidade de fazer alguns desvios. A carreiras do presente e do são cada vez mais em zig-zag, com mudanças estruturantes e deslocalizações marcantes. A formação de base, apesar do grau adequado de especialização, deve ser suficientemente abrangente de forma que permita ao jovem fazer diversas opções e facultar uma diversidade de conhecimentos e competências cada vez mais diversificada e rica.

E depois há u outro aspeto importante, o estudante tem que ter consciência pode ser criador do seu próprio futuro, e deve conhecer bem o catálogo das profissões está a alterar-se profundamente, independentemente da área e do grau de formação académica e profissional.

Então terá que haver uma adaptabilidade constante, mais do estudante do que das próprias universidades?

Claro. Porque as universidades têm o seu ritmo de adaptação, que influencia naturalmente, o ritmo de adaptação dos estudantes., mas este é processo de responsabilidade individual. A este nível, temos que ser justos, em relação ao reconhecimento da fantástica capacidade de adaptação das universidades ao longo das últimas décadas, apesar das resistências…

Mas de uma forma geral a Universidade tem-se vindo a adaptar bem. Também não podemos cair na tentação de dizer, que a universidade está formar pessoas para um mercado que não existe. Isto é uma falácia. Uma visão imediatista que deve ser combatida, apesar do pragmatismo que deve caraterizar a sua ligação com o mercado d trabalho dos seus diplomados. A própria universidade é uma agente de inovação e de desenvolvimento, que induz mudança no mercado.

As empresas têm que estar preparadas para a mudança, para os novos paradigmas e tendências de forma a poderem absorver as pessoas que estão sair do ensino superior. Portanto, é uma relação dialética em constante mudança. A este propósito, entendo ser oportuno referir novamente a mais-valia da participação dos estudantes no movimento estudantil e juvenil. Dizendo-nos experiência As pessoas que passam pelo movimento associativo têm a probabilidade de encontrar emprego mais rapidamente que os outros.

Se calhar a média, hoje em dia, passa por ser um instrumento de avaliação primária, e a partir dessa base é que se avaliam os candidatos com base nas outras competências, fazendo com a média final do curso, sendo importante, não é o único fator diferenciador. É diferenciador. A média sempre foi, e vai continuar a ser, o principal instrumento de avaliação das competências de um candidato. Estando nós no contexto de uma faculdade de economia penso que devemos estar conscientes que temos que lutar para termos bons resultados. Se paralelamente houver uma carreira no desporto, na cultura, no associativismo, estas competências ajudam sempre.

Começamos a falar de primeiros-anistas e nos novos alunos e gostava de terminar precisamente com uma nota para eles. Os estudantes têm a primeira avaliação basilar, a média, depois todos os “soft skills” adquiridos em movimentos associativistas, culturais e desportivos, e, finalmente, há todo um esforço prévio feito pelo aluno para, ainda no fim do 12º ano, e ao fim de tantos anos de ensino obrigatório, conseguir entrar numa faculdade com prestígio como a nossa. Como é que definiria a FEP?

A resposta mais objetiva a esta pergunta é a vossa faculdade. A FEP é um excelente ecossistema de empreendedorismo que tem uma força muito grande na empregabilidade dos seus alunos. E que se baseia em vários fatores: um deles, quiçá o mais importante, é o seu enorme prestígio científico.