Conduzida por José Pedro Sousa e Tiago Meireles
Também incluída no FEPIANO 26, publicado em Novembro de 2016
Todo este sucesso é reflexo de que os portugueses estão, finalmente, a conseguir compreender os bons ideais de direita?
Sim, a minha página funcionou como uma espécie de muro das lamentações político, em que a partir do momento que a gerigonça tomou o poder, logo a seguir às eleições de 4 de outubro de 2015, a minha página tornou-se a ponta de lança dos ideais de direita para combater a geringonça, e as pessoas têm-na visto como uma espécie de peregrinação da direita, o último reduto para salvar o país.
Nesse sentido, a página só poderia ser um sucesso, porque tem à sua frente, e humildemente digo, um génio, e por isso o livro seria o passo seguinte, pois quando vivemos num país de esquerda o acesso à internet fica limitado em algumas zonas e convém ter algum meio analógico de propagação dos ideais de direita. Deixe-me dizer que o livro, apesar de ser um reflexo da página e conter muito daquilo que lá é escrito, é maioritariamente novo.
Também os desenhos são completamente novos. Em Portugal, a maior parte das pessoas lê pouco e acabam por precisar de desenhos para poder acompanhar a leitura. Inclui o fim da história do meu sobrinho, tem sonhos novos com o Dr. Nuno Melo, que não estão na página, e também muitos textos novos sobre educação, religião e tem muitas revelações sobre a minha intimidade ao nível sexual, a solo.
Então pode-se dizer que acaba por trazer mais ideologia, é um acrescento à página.
Sim, aliás, é um objeto completamente diferente da página, porque, em primeiro lugar, é em papel, não é em bits, e depois porque não existe aquela pressão para ter likes e eu posso ser mais sincero, não tendo a pressão de querer agradar.
Não sente, eventualmente, a pressão para vender?
Não tem sido fácil. O livro não está a ter, ainda, muito sucesso, porque saiu exatamente no mesmo dia do arquiteto Saraiva, e foi muito chato porque o arquiteto fez revelações íntimas de políticos e de figuras públicas da nossa praça, e o meu livro acabou por ser completamente ofuscado por isso. Foi um golpe baixo, porque o meu livro parte de bons valores deontológicos, que não os do arquiteto, e faz revelações íntimas de um grande político, que sou eu, e também do Dr. Nuno Melo. Aliás, o livro do arquiteto Saraiva não tem nenhum capítulo sobre o Dr. Nuno Melo, e o meu tem um inteiro sobre sonhos com o Dr. Nuno Melo.
O que é que acha que, em Portugal, deve ser ensinado numa Faculdade de Economia? O que é poderia ser mudado?
Basta traduzirem tudo o que foi ensinado na escola de Chicago e fazer uma implementação direta. Aliás, aqui devem todos saber falar inglês, por isso as aulas deviam ser todas em inglês, e podiam ser só videoconferências da escola de Chicago, que incluíssem vídeos antigos do Dr. Hayek e do Dr. Milton Freedman a debater. De resto, em termos de Economia, não há mais nada de importante a aprender.
Quem estiver à frente desta Faculdade sabe que, em termos económicos, é muito mais rentável ver vídeos do YouTube do que ter professores na sala, não é? É uma regra básica de Economia. Aproveito já para propor a criação de um curso de Economia para o futuro, que incluísse o Dr. Hayek, o Dr. Milton Freedman e o Dr. Jovem Conservador de Direita. E o Dr. Samuelson, de vez em quando, vá.
O que é que acha de uma Faculdade que produziu pessoas como o antigo Ministro das Finanças, o Dr. Teixeira dos Santos, por exemplo?
Não deve ser fácil lidar com isso. Pessoalmente, não sei como é que a Deloitte vos vai contratar, tendo vocês esse fardo de terem estudado nesta Faculdade.
Para somar a isso, existe ainda o Dr. Augusto Santos Silva, antigo professor nesta Faculdade.
Pois, não deve ser fácil. O que é que vocês dizem em entrevistas de emprego quando vos confrontam com isso? Acho que é preferível apresentarem-se com um curso incompleto e dizer que, ideologicamente, não quiseram ir às aulas do Dr. Augusto Santos Silva, porque sentem que um curso de Economia feito assim é muito melhor do que se o tivessem completado com a cadeira do Dr. Augusto Santos Silva.
Como é evidente, a Faculdade de Economia do Porto produz várias figuras públicas, as figuras que vão alimentando “a máquina”. O Dr. Jovem já demonstrou que tem interesse de, no futuro, fazer parte dessa mesma máquina e tornar-se Primeiro-Ministro de Portugal, com uma anexação do CDS-PP por parte do PSD. O que é que é preciso para se ser Primeiro-Ministro de Portugal? Acha que reúne em si essas qualidades?
Acho que sou sobrequalificado para ser Primeiro-Ministro. Como é óbvio, reúno várias qualidades que me permitem estar apenas a 50% para, mesmo assim, ser o melhor Primeiro-Ministro da história de Portugal. Funciona um pouco como nos cursos universitários: uma pessoa que consegue dar aulas numa faculdade, consegue, nos seus tempos livres, ser educador de infância.
E é um pouco nessa lógica: se eu tenho qualidade para liderar a Comissão Europeia, é normal que tenha mais do que qualificações para liderar Portugal. Existe um critério básico para se ser Primeiro-Ministro de Portugal, que é ser-se português, o que é pena, porque eu acho que conseguia acumular o cargo de ser Primeiro-Ministro de Portugal com o cargo de Primeiro-Ministro de outro país qualquer. Mesmo assim, Portugal é o meu foco principal.
Vê alguma objeção em tornar-se Primeiro-Ministro de Portugal e diretor executivo da Goldman Sachs, ao mesmo tempo?
Acho que era positivo, porque precisamos de estar na frente daquelas que são as linhas orientadoras do mundo. Isto permite-nos implementar, a priori, os preceitos da Goldman Sachs no país, ainda para mais, podendo a Goldman Sachs representar alguns dos nossos credores, esse acumular de funções era uma garantia que Portugal pagava.
Acima de tudo, é uma questão de transparência, pois para a opinião pública é muito mais chato uma pessoa ser Primeiro-Ministro, presidente da Comissão Europeia e só depois ir para a Goldman Sachs, acabando por pensar que ali haverão interesses, do que quando, à partida, já se está na Goldman Sachs e se é o Primeiro-Ministro.
Por exemplo, das 8h às 10h era o Primeiro- -Ministro e durante o resto do dia focava-me na Goldman Sachs. As pessoas saberiam que este era um esforço enorme, e reconheceriam o mérito de quem faz esse esforço em estar sempre entre Lisboa e Nova Iorque. Quando necessitasse de fazer declarações, fazia questão de distinguir o que eu, enquanto Primeiro-Ministro ou Diretor Executivo da Goldman Sachs, pensaria.
Sabemos que tem como ídolo o Dr. Nuno Melo, essa referência incontornável do estadismo português. Pode-nos falar um pouco das origens dessa fixação? Viemos a saber que a relação se teria deteriorado com o tempo, o que é que esteve na génese dessa deterioração?
Eu não lhe chamaria fixação. Chamar-lhe-ia uma pura e bela amizade, com um sentimento mútuo muito forte, entre duas pessoas que se ajudaram muito uma à outra numa determinada fase, com especial destaque para todo o apoio que dei ao Dr. Nuno Melo.
Eu conto esta história muitas vezes para ilustrar isto mesmo: eu tinha ido ao Parlamento Europeu, numa ida que resultou de uma colaboração com a Goldman Sachs e entrei numa casa de banho todo contente, porque tinha corrido bem todo o trabalho que tinha lá feito, e ouvi um barulho que me pareceu uma espécie de balido de cabra.
Comecei a perceber alguma coisa em português e fiquei preocupado, porque havia uma pessoa portuguesa que estava a sentir mal. Entrei no cubículo da casa de banho e lá estava o Dr. Nuno Melo, aninhado e a chorar, e eu só disse: “Dr. Nuno Melo, então que se passou? Está tudo bem?”, ao que ele me responde “Vai para o c!”, porque é assim que ele fala.
Eu fiquei triste também, porque ele nunca tinha falado assim comigo, e acabou por me pedir desculpa, dizendo que estava muito nervoso e que o estavam a perseguir, tudo por causa de uma notícia que alegou que ele seria o eurodeputado que menos trabalhava.
Trabalhava menos que a Dra. Marisa Matias?
Muito menos que todos os outros eurodeputados portugueses. Houve até um assessor do Dr. Nuno Melo que veio dizer que ele passava muito tempo no cabeleireiro e na noite, e que era como se estivesse a fazer Erasmus, e isso afetou-o. Então, partiu-me o coração ver aquele homem naquele estado tão triste, e por isso decidi “Esta pessoa tão especial nunca mais se vai sentir assim”. Numa semana, arranjei logo forma de ele fazer 300 intervenções, para que pudesse aumentar a média, e pronto, foi aí que começou a nossa amizade.
Quanto à queda, é mais simples: a partir do momento em que eu criei a minha página do Facebook e me tornei, humildemente dizendo, a maior figura da direita portuguesa, o Dr. Nuno Melo viu a sua pessoa ficar ofuscada pela minha presença, quando ele teve, até, um trabalho de mentoria muito importante para comigo. Nós funcionávamos muito como parceria: ele era o carisma, a cara, e eu era o cérebro que estava por trás a controlar aquilo.
Quando ele viu que eu comecei a ter mais protagonismo do que ele, sem que eu precisasse dele, sentiu-se mal, sentiu-se ultrapassado. E bloqueou-me no Facebook e no Twitter, e deixou de me responder às mensagens e e-mails, deixando-me numa posição em que parece que sou stalker dele, o que não é o caso, de todo.
O que eu faço é aquilo que qualquer amigo faria, e o meu projeto de Portugal passa muito por ter o Dr. Nuno Melo ao meu lado, algo que já disse em várias intervenções. Pretendo acabar com a figura de Primeiro-Ministro, sendo que eu seria o Primeiro, o Dr. Nuno Melo seria o Ministro e o hífen seríamos nós de mão dada a liderar Portugal. A minha filosofia, em relação ao Dr. Nuno Melo, é de que vamos ser sempre melhores amigos, independentemente de ele querer ou não. Acho que é uma relação com futuro.
O que é que sentiu quando ele não foi para a liderança do CDS?
Para mim foi uma espécie de mensagem subliminar, de uma abertura na nossa relação. Ele sempre soube que eu queria anexar o CDS e ter lá a Assunção Cristas, que agora também é candidata à Câmara Municipal de Lisboa, só serve para mostrar que o CDS está à minha espera: a líder sai para ser presidente da Câmara e conseguimos ter colocação para outro.
O Joãozinho pode ser o zelador da sede do CDS, até porque vou colocar a sede do CDS no AirBnB, dado que o mercado imobiliário está bastante mau e eu preciso de verbas para financiar a Universidade de Verão do PSD, porque não podemos continuar a ter figuras como o Dr. Duarte Marques como sendo intelectuais da Universidade de Verão, precisamos de pessoas de renome, e então acho que o Joãozinho dará um ótimo porteiro para o AirBnB do CDS. Quer dizer, até pode acabar for fazer baixar as reviews, mas será um risco que teremos de tomar.
Fazendo agora um pequeno choque ideológico, uma vez disse que para compreender os bons ideais de direita é preciso contrapô-los, numa espécie de “o bom só sabe que é bom por contraponto com o mau”. Uma das suas visitas mais interessantes e mediatizadas foi a sua ida ao Avante. O que é que aprendeu enquanto lá esteve?
Muito pouco. Aliás, não esperava aprender nada, porque eu já sabia tudo quando lá entrei. O Avante foi no fim-de-semana da Universidade de Verão do PSD, e eu gosto de debater com pessoas que pensam de forma diferente de mim.
Estar a debater com pessoas que me dão pancadinhas nas costas não me ajuda a evoluir, e é por isso que vemos pessoas como o Dr. Pedro Passos Coelho, por exemplo, que estiveram na Universidade de Verão do PSD, e eu no Avante a levar com aqueles esquerdalhos todos. O debate de ideias é fundamental: eu posso discordar muito dos comunistas, mas preciso de debater com eles para perceber que tenho ainda mais razão do que a tinha inicialmente.
A dúvida só se instala se não houver contraponto, e é por isso que a democracia é importante, porque permite que as pessoas percebam que há duas ideias: uma boa e uma má. Se só houvessem ideias boas, as pessoas podiam pensar que éramos fascistas ou qualquer coisa assim parecida, o que não é de todo verdade. Gostamos de democracia porque convém haver sempre um Dr. Batman para um Dr. Joker, sendo que o Dr. Batman representa a direita e o Dr. Joker são aqueles brincalhões de esquerda.
Chegou a dizer, em entrevista à Visão, que “uma das desvantagens do meu brilhantismo é ter dificuldade em lidar com o fracasso”, e fiquei um pouco confuso… já alguma vez teve de lidar com o fracasso?
Curiosamente, não. Isso é algo de que falo no meu livro, que é o facto de ter vindo a listar as minhas qualidades, de forma a que, algum dia, chegue a alguma fraqueza. Esta lista é infindável e ainda não consegui chegar ao outro lado do balanço… talvez um dia. Quer dizer, a não ser que se considere uma fraqueza o excesso de qualidades. Aliás, uma das respostas que mais gosto de ouvir das pessoas na Goldman Sachs é serem excessivamente perfecionistas.
O Dr. Jovem faz-se acompanhar muitas vezes pelo seu Estagiário. Nutre algum carinho especial pelo seu Estagiário e pelo conceito de “Estagiário”?
Claro que sim. O conceito de estagiário é o óleo do Capitalismo moderno, é o que faz girar as suas engrenagens. Pelo meu Estagiário, em concreto, tenho um carinho ainda mais especial. Aliás, eu já o vacinei, porque convém tem um estagiário com antivírus. Porquê? Eu uso o meu Estagiário como Dropbox, pois tenho a mente muito ocupada, e dá-me jeito usá-lo para gravar tudo o que eu digo e tudo o que eu penso.
Foi o Estagiário que escreveu o meu livro todo. Eu podia usar um gravador, mas em termos de motor de busca é mais fácil que seja um ser humano. Quando lhe pergunto o que fiz em determinado dia e a determinada hora, ele diz-me tudo, e como tem Asperger, isso acaba por ajudar. Não o demonstro, mas tenho muito apreço por ele.
Atualmente, para se poder ser “Estagiário” é preciso ser-se licenciado. Qual é a postura do Dr. Jovem sobre este tema?
Uma licenciatura é a nova quarta classe, por isso é legítimo que uma pessoa não contrate um estagiário que só tenha o décimo segundo ano. Dando o exemplo da FEP: as pessoas, quando acabam a licenciatura, pensam “Vou já trabalhar para uma grande empresa como a Deloitte e afins”. O que é que a Deloitte sabe do vosso trabalho? Nada, nada! Vocês têm de demonstrar, dentro da Deloitte, que merecem lá estar.
E enquanto estão a demonstrar serão pagos por isso? Claro que não, estão numa fase de demonstração. Tem de haver uma demonstração de valor para poder estar ao mesmo nível de pessoas que já demonstraram esse valor. O Estagiário é a versão trial do profissional a sério.
O Dr. Jovem tem algum amigo Dr. com quem possa falar quando está com algum problema ou quando se depara momentos de alguma infelicidade?
Sabe que esta questão da genialidade implica muito a solidão. No entanto, coisas que me atormentam, como a minha imagem, por exemplo, costumo abordar com o Dr. Lobo Xavier, pois se há pessoa que mantém uma boa imagem é ele.
Já houve tempos em que para discussão de assuntos de liderança ou de como chegar a determinados objetivos, e isto agora vai parecer um elogio, mas não é, ligava muitas vezes ao Dr. Duarte Marques. E porquê? Porque achava impossível que alguém com aquela capacidade intelectual tenha chegado onde chegou, e eu perguntava-me “Como? Quem é que ele conhecia?”, e posso dizer que ele foi muito importante durante uns tempos, porque me apresentou a pessoas muito importantes e que me permitiram, também, chegar mais alto. Não pelos mesmos meios do Dr. Duarte Marques.
Foram meios parecidos, mas com inteligência. Atualmente, também posso considerar o Dr. Durão Barroso como amigo. Infelizmente, tenho vindo a ser uma espécie de mentor dele na Goldman Sachs, porque ele tem aquela característica de se colar às pessoas mais populares quando chega a um sítio, para ver se consegue subir, o que é chato. É chato porque estou a fazer um trabalho valoroso e ele anda para lá só para gozar a reforma.
Eu já pedi para lhe instalarem o Minesweeper no computador para ele ficar a brincar um bocadinho e não andar sempre colado em mim. Eu estou lá para trabalhar e ele está lá para se reformar, temos agendas completamente diferentes.
Qual é a postura perante esta traição do Dr. Passos Coelho [N.R. sobre PPC ter dito ser importante taxar imóveis acima de 1 milhão de euros, tendo criado imposto de selo sobre os mesmos]
Uma coisa é um imposto de selo, outra coisa é o IMI. O IMI é um imposto esquerdalho, o imposto de Selo não. O imposto funciona como nos automóveis, se, por exemplo, o Sr. quer ter um carro banal, por exemplo um Audi A8, tem que pagar o imposto todos os anos para ter esse caro.
O que se passa com as casas é: se eu quiser ter uma casa, normal, de 1 milhão de euros tenho que pagar um imposto de selo. O que é que sucede: o IMI é aquele imposto de redistribuição esquerdalha que lhe diz que casas acima de 600 mil euros têm que pagar. E 600 mil euros não é 1 milhão. Ou seja, estamos a falar entre classe média baixa e classe média baixa (entre 600 mil euros e 1 milhão de euros). E o que se passa aqui é que o governo de esquerda que quer eliminar os ricos neste momento está a eliminar a classe média, com este imposto que foi anunciado pela Mariana Mortágua, a ministra das finanças oficiosa. E não há traição.
O que o Dr. Passos Coelho fazia era criar um imposto para as pessoas mostrarem que têm uma casa de 1 milhão de €, que é diferente. É sempre diferente quando é a direita a propor impostos. Fa-lo como uma inevitabilidade e para contribuir para o desenvolvimento e competitividade do país. Quando é a esquerda fazem-no porque a missão deles é tirar dinheiro a quem tem a capacidade para o investir e tornar o país competitivo. E isso é triste.
E é muito curioso ver como a esquerda tem medo da mão invisível do capitalismo mas a direita quando aplica impostos está a aplicar impostos diretos, e diz “Estamos a aplicar impostos, vocês são uns preguiçosos e estão a viver acima das vossas possiblidades”. O que a esquerda diz é “Ah, não há aqui austeridade nenhuma”. Depois aplicam austeridade em quê? Impostos indiretos, invisíveis. No fundo, a esquerda tem medo da mão invisível do capitalismo mas usa a mão invisível dos impostos, o que é muito trist para o avanço do país.
Falavam há pouco de “viver acima das nossas possibilidades”. Tem sido algo muito reiterado pela oposição e muitas vezes baseado no que alguns políticos nos dizem lá fora. Um dos mais iminentes a esse respeito é o ministro das finanças alemão, o Dr. Wolfgang Shäuble. Qual é a sua opinião pessoal dele, depois das suas declarações no outro dia precisamente relacionadas com isso?
O Dr. Shäuble, nós costumamos dizer, é o professor Charles Xavier da finança mundial. Porque ele consegue visualizar o futuro da Europa. E eu tenho muita pena que ele não seja o ministro das finanças português. Poupava muito dinheiro ao Estado.
A opinião do Dr. Shäuble é uma das opiniões que devemos ter em conta a governar o país. Idealmente, seria positivo se a democracia portugesa concedesse 30% dos votos ao Dr. Shäuble. Os portugueses continuavam a ter impacto, mas a opinião dele tinha mais peso. Era uma espécie de Conselho de Segurança. É claro que sou contra isso, sou bastante democrata, mas acho que as pessoas deviam votar em função da opinião do Dr. Shäuble.
O problema que se coloca é que as pessoas neste momento não gostam dele, por isso quando ele diz algo, normalmente é contrapruducente para a direita. Por isso, eu penso que se ele quisesse ajudar o país, o melhor que ele podia fazer era convidar a Mariana Mortágua, elogiá-la, elogiar as medidas do governos de esquerda, e assim eu, como líder da oposição, podia fazer aquele discurso soberanista e populista do “Lá estão os alemães a meter-se nos nossos assuntos, nós queremos é mais austeridade”.
Ele devia apoiar o governo de esquerda, para nós governarmos contra a alemanha mas a favor da alemanha. Aliás, os interesses da alemanha são os nossos, estão completamente alinhados.
Acha que é difícil chegar ao público português?
Não, o povo português deu-nos [direita] a vitória nas últimas eleições. O problema que aconteceu foi: a esquerda fez um golpe de estado institucional. E na altura, infelizmente, o Dr. Cavaco estava de saída, para não defender Portugal da constituição. O governo, que governou apenas agumas semanas em 2015, foi o governo mais curto de sempre, mas um dos melhores, sem dúvida.
Tendo em conta que estamos no ensino superior, um dos temas mais fraturantes é sempre a praxe. O Dr. tem alguma opinião formada sobre esse assunto?
A praxe é uma dádiva do mercado livre. As pessoas quando entram na universidade entram numa idade não propícia para ir para a universidade. Final da adolescência, início da idade adulta. E a adolescência tem muitas coisas boas, como por exemplo a descoberta pessoal da sexualidade, mas também tem muitas coisas más que tem que é o idealismo. E as pessoas entram para a universidade, muitas vezes para cursos inúteis, a pensar que vão mudar o mundo e salvar todas as baleias.
O que é que a praxe faz: a praxe é uma chapada de realidade, que lhes diz “Vivemos no mundo real, o idealismo é muito bonito mas na prática só vão longe se olharem para o chão e respeitarem quem manda, para eventualmente ficarem no lugar de quem manda”. No fundo é um estágio numa empresa ao ar livre. Eu acho que a praxe, mais até do que muitas cadeiras que vocês têm, é bem mais importante e ensina-vos muitas competências que podem aplicar no mercado de trabalho.
Acha que deveríamos substituir uma cadeira dada pelo Dr. Augusto Santos Silva em prol de uma cadeira de praxe?
Era uma boa ideia. Aliás, até dava bom mestrado.
O que é que é preciso para se chegar a Dr. Como é que uma pessoa da FEP, no fim dos 3 anos, com 21 anos, pode caminhar para se tornar Dr.
A FEP não é o problema, aliás, até é grande parte da solução. A resposta simples é: para um pessoa ser Dr. tem que ganhar o meu respeito. A sociedade está montada de que forma? Há cursos de primeira necessidade: economia e alta finança. E cursos de hobbies: teatro, sociologia e letras em geral. Portanto, é óbvio que ninguém que viva à custa de subsídios e à sombra do Boaventura Sousa Santos vai alguma vez ganhar o título de Dr. A Dr. . Marisa Matias, por exemplo, que teve um grande elogio público da minha parte.
Primeiro porque apresentou o meu livro. Segundo por ter participado nas presidenciais. Porque quando se pensava que a esquerda estava tão polarizada em candidatos de esquerda, e que podia haver uma segunda volta, a Dr. . Marisa Matias aparece e curiosamente era competente, e permitiu que os votos na esquerda ficassem tão divididos que o Dr. Marcelo Rebelo de Sousa ganhou à primeira. Aliás, foi a primeira vez na história da esquerda que eles não danificaram as contas públicas ao nos levarem a uma segunda volta.
Como é que pensa gozar a sua reforma?
Eu não acredito em reformas. Como presidente da república, claro. É um bom cargo para se gozar a reforma. Mas no fundo é trabalho. A reforma é um conceito que não enobrece a velhice. Os velhos, quando lhes dizem que têm que se reformar, deviam ficar chateados, porque na verdade o que lhes dizem é “Vocês a partir de agora são inúteis”. E ninguém gosta de se sentir inútil.
E uma pessoa que se sente inútil para trabalhar é inútil, ponto. Portanto estão a retirar o propósito da existência daquelas pessoas. Uma maneira de combater isso é dar-lhe funções. Por exemplo, vemos tantos senhores idosos a falar de futebol nas tascas, podiam perfeitamente ser comentadores desportivos. Pelo que sei a diferença não é muita. Há tantas senhoras a fazer crochê, porque é que elas não vão para uma fábrica têxtil?
O Dr. jovem para deve ser da opinião que uma das soluções para re-iniciar a economia deste país é, precisamente, baixar os salários.
É dar salários justos. Se uma pessoa tem funções de responsabilidade e gere um banco, por exemplo, merece um bom salário. Se uma pessoa tem uma função menor, então tem que ter um salário correspondente. O que podíamos era arranjar uma fórmula em Excel para medir a importância dos trabalhos, e, a partir daí, calcular salários. Por exemplo: Médico, uma função média.
Os médicos são importantes, sem dúvida, mas hoje em dia está tudo na wikipédia, e quem é que precisa de recorrer a um médico quando pode simplesmente escrever os seus sintomas no Google e o Google vai dizer o que temos? As tecnologias estão a tornar todas estas profissões obsoletas. As únicas que se mantêm são as funções de alta gestão e finança.
Qual é a perspectiva do Dr. em relação à crescente onda de empreendedorismo em Portugal?
O empreendedorismo é o capitalismo dos pobres. E é uma excelente solução a todas as pessoas inúteis a quem ninguém quer dar emprego. Por exemplo, se uma pessoa tem valor, então tem emprego. Para quem não tem, a única solução é recorrer ao empreendedorismo. Por exemplo, eu já converti muitos “sem-abrigo” ao empreendedorismo. Pediam-me moedas para comer e eu dava-lhes panfletos sobre pós-graduações na católica. É a única solução.
Se eu não tivesse emprego, por muito absurdo que isto possa soar, claro que me ia tornar empreendedor. Ia para a garagem, como o Dr. Steve Jobs, e inventava um novo computador, um novo leitor de MP3, ou uma coisa assim. Claro que eu não tenho necessidade, porque tenho emprego. Logo, o empreendedorismo serve para aqueles a quem o mercado de trabalho não dava oportunidades, como o Dr. Steve Jobs que cheirava mal, andava descalço e gostava de droga. Fez o que tinha que fazer.
O que acha da reposição do ministério da cultura pelo novo governo de esquerda?
É um acessório. A cultura só faz sentido num secretário de estado. O que é cultura? Cultura é entretenimento. Entretenimento é mercado. Por exemplo, vocês quando saírem da universidade vão para um trabalho a sério, e depois disso? Têm como hobbie o que? Gosto de ler, ou gosto de escrever, ou gosto de fazer esqui, ou malabarismo, ou fazer instalações de arte moderna. São tudo hobbies. Ou seja, os hobbies só podem fazer parte de um ministério de forem rentáveis.
Por exemplo, em termo de teatro só faz sentido quem: Dr. Felipe La Féria. Porquê? Salas cheias, é rentável. Livros? Dr. José Rodrigues dos Santos, Dr. Chagas Freitas e Dr. Gustavo Santos. Ou seja, se o mercado pede, faz sentido. Agora, fazer coisas para três críticos dizerem que foi muito bom mas ninguém gastar dinheiro naquilo não faz sentido. Se o mercado não exige não faz sentido. O único ministro da cultura que é necessário é o mercado livre.
Então não faz sentido haver cultura se não houver rentabilidade?
Claro que não. O mercado serve para tirar as ervas daninhas da cultura e recompensar aquilo que tem qualidade. Por exemplo, se há sucesso naqueles reality shows da TVI, porque é que não fazem isso no MEO Arena durante 3 meses? As pessoas iam rodando, tipo jardim zoológico. Casa dos SegredosLive. Isso era uma instalação aceitável. O voyeurismo vende.
A imprensa portuguesa está enviesada para a direita?
Claro que não! A imprensa é o mal menor da democracia. Hoje em dia já está amestrada. Porquê? A imprensa se quer informação tem que se dar bem com as pessoas que lhes dão informação. Logo, se me pergunta se está enviesada à direita tem lógica. Porque se querem vender jornais têm que falar bem das pessoas de quem falam, e só faz sentido dizer bem de pessoas de direita. Mas eu vejo sempre a imprensa como leitura de ficção com alguns factos verídicos.
Eu fui no outro dia à Sic Notícias comentar a imprensa e tive oportunidade de dizer à jornalista que não leio jornais, porque como estou nos corredores do poder eu sei o que é verdade e o que não é verdade. Mas a imprensa claramente que não é de direita, basta ler o livro do arquiteto Saraiva e ele diz lá há muito poucos jornalistas de direita. Ele quando diz que é isento diz, isentamente, que não gosta de ninguém que esteve à esquerda no governo, mas de forma isenta, e que o Dr. Cavaco Silva é o nosso Churchill. Mas isto de forma isenta.
Falando no ex-Presidente da República, Dr. Cavaco Silva, gostava de saber quem é, para si, o maior estadista universal de sempre.
Dr. . Margaret Thatcher, Dr. Ronald Reagan são as minhas duas grandes referências políticas.
Qual é que deve ser o papel da economia na sociedade?
Eu costumo fazer essa pergunta ao contrário: qual é o papel da sociedade na economia? E essa é a pergunta que deve ser feita, porque esse, sim, é o caminho. A sociedade tem que se ajustar à economia, e não o contrário.
O Dr. Jovem chegou a dizer “Só a Economia nos salvará. E depois o Dr. Jesus”. Pode esclarecer essa frase?
A Economia foi a ferramenta que Deus criou para coordenar todo o mundo. Nesse sentido, as regras da Economia são regras divinas. Por isso não é bem uma hierarquia… Quando falam da mão invisível acham que é a mão de quem? E depois convém vivermos bem na nossa forma terrena até à salvação do Dr. Jesus. Seria muito chato se o Dr. Jesus chegasse, na segunda vinda dele, e todos os países tivessem déficit, por exemplo. Era uma vergonha… Diz-se, acho que foi o Dr. José Rodrigues dos Santos, que “os números são a linguagem de Deus”. [Foi o Dr. José Rodrigues dos Santos ou o Pitágoras?].