Inês Santos
Também incluído no FEPIANO 50, publicado em Fevereiro de 2024
Garantir o acesso à saúde de qualidade e promover o bem-estar para todos, em todas as idades. É neste moto que se foca um dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), o da Saúde de Qualidade. Mas será isto uma realidade possível?
Segundo um relatório recente da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Banco Mundial (BM), “Relatório de Monitoramento Global da Cobertura Universal de Saúde de 2023”, o progresso na cobertura universal de saúde estagnou no mundo, com mais de metade da população sem ter acesso a serviços essenciais de saúde. Ou seja, mais de 4 mil milhões de pessoas não têm acesso a cuidados de saúde de qualidade a preços acessíveis.
Neste mesmo relatório, Tedros Ghebreyesus, diretor-geral da OMS, afirmou que a dificuldade das pessoas beneficiarem de serviços de saúde não coloca apenas a sua própria saúde em risco, mas também a estabilidade das comunidades, das sociedades e das economias, pedindo, então, urgência numa vontade política mais forte e em maiores investimentos na área da saúde. Também Mamta Murthi, vice-presidente para o Desenvolvimento Humano do BM, disse que o alcançar desta Cobertura Universal de Saúde constitui um passo fundamental para ajudar as pessoas a saírem da pobreza e manterem-se fora dela. Porém, continua a registar-se um aumento das dificuldades financeiras, também a nível mundial, especialmente para as pessoas mais pobres e vulneráveis.
“Todos estes objetivos parecem abstratos e fora do nosso poder. Porém, a mudança começa em cada um de nós. ”
Curiosamente, no relatório, a OMS e o BM reconhecem que, embora os serviços de saúde e a sua implementação a nível mundial tenham melhorado desde o início do século, foi a partir de 2015, altura em que pela Organização das Nações Unidas (ONU) foram adotados os ODS, os progressos nesta luta tenham abrandado significativamente.
O que poderão, então, fazer as Nações Unidas para combater estes problemas numa área que nos é, a todos, tão importante?
Tendo em conta todas as precaridades que envolvem a saúde, a ONU criou uma lista de objetivos e ambições para garantir este acesso à saúde. Entre estes estão a redução da mortalidade materna e mortalidade neonatal; a redução das várias epidemias e das doenças transmissíveis; a redução do consumo de substâncias e da consequente mortalidade resultante; a redução das mortes devido à poluição; o acesso universal aos serviços de saúde sexual e reprodutiva; o aumento do financiamento para a saúde e investigação e o reforço ao recrutamento e formação na área da saúde.
Todos estes objetivos parecem abstratos e fora do nosso poder. Porém, a mudança começa em cada um de nós. Se começarmos a utilizar os serviços de saúde, que nos são certos, de forma consciente, contribuirmos para a manutenção da nossa própria saúde no nosso dia-a-dia, e, porventura, contribuirmos em campanhas e voluntariados que ajudam nesta causa os países que não têm um serviço de saúde “público, universal e tendencialmente gratuito”, estamos a ser, pouco a pouco, agentes da mudança.
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