Opinião de Camila Araújo
Também incluído no FEPIANO 44, publicado em Outubro de 2021
Em janeiro de 2020, no momento da minha candidatura não previa que iria estar a estudar num país estrangeiro durante uma pandemia mundial. Estive em Erasmus durante o primeiro semestre do segundo ano de Mestrado em Economia entre setembro de 2020 até fevereiro de 2021. Estudei na Universidade do Sul da Dinamarca (SDU) em Esbjerg. Fazer Erasmus durante o último ano de mestrado não é muito comum, mas visto que é um semestre onde só temos duas cadeiras é uma altura ideal – sem problemas com equivalências e com mais tempo livre. Erasmus para mim nunca foi sinónimo de festas ou grandes convívios, era a possibilidade de conhecer uma cultura diferente e viajar. Não tive tanta sorte no segundo. O que é necessário para ter uma boa estadia resume-se em 4 regras.
Disponibilidade financeira
Escolhi um país com um custo de vida muito alto, mas mesmo que fosse o contrário, os imprevistos acontecem. Estadias extra em hotéis, testes de Covid com urgência, alterações de voos(sim aconteceram), … A bolsa de Erasmus é uma grande ajuda, mas não cobriu nem metade dos custos que tive. Felizmente estava preparada para ter gastos extraordinários relacionados com a situação de instabilidade. As viagens de avião e o alojamento foram os grandes consumidores do orçamento, depois a alimentação/supermercado, que tem um custo elevado na Dinamarca, e por fim os extras, que incluíram alguma roupa apropriada para o clima nórdico.
Paciência e adaptabilidade
As regras sanitárias e de circulação nos diferentes países europeus estavam a mudar semanalmente. O que implicou marcação de viagens com pouco tempo de antecedência e constante comunicação com a minha coordenadora na Dinamarca, relativo às questões de alojamento e o formato que as aulas iriam decorrer.
Zero expetativas
A Dinamarca, devido à sua centralidade na Europa, está ligada a outros países de forma direta. Estava sempre a uma viagem de comboio de distância da Alemanha e da Suécia. Claro que não consegui aproveitar esse facto, mas fiquei a conhecer muito bem a cidade onde fiquei. Esbjerg, a quinta maior cidade dinamarquesa, junto à costa oeste. Uma cidade muito familiar e acolhedora. Aproveitei o que estava à minha disposição. A incrível biblioteca, a zona comercial da cidade, muitas caminhadas (vivia a 30 minutos a pé da praia), ver a neve cair, as luzes de natal, entre muitas outras coisas que por vezes ignoramos.
Criatividade
Vivia com mais 3 estudantes, todos estrangeiros a fazer o seu mestrado na Dinamarca. Muitos jogos de tabuleiros, longas conversas sobre os nossos países, discussões sobre as nossas dissertações e diferenças no sistema de ensino. Vivia a 1h de distância de Billund, a cidade onde foi inventado o Lego. Inevitavelmente adquiri alguns Legos. Por outro lado, descobri que os dinamarqueses são muito adeptos de DIY – tricot, crochet, entre outros. Admito que não aprendi muito dinamarquês, apenas retive os nomes dos produtos que comprava nas lojas, os nomes das cidades em que o comboio passava e algumas palavras. Os dinamarqueses falam muito bem inglês e infelizmente a pronúncia da língua dinamarquesa é algo que não facilita a sua aprendizagem.
Em síntese, prepara as coisas ao máximo, sim, mas quando o plano não funcionar não te preocupes e faz outro plano. E lembra-te de que existe sempre alguém pronto a ajudar.
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