Relembro o meu olhar de criança, inocente, mas muito observador, aliado a uma vontade de contar as novidades acabadas de vivenciar. Assim, desde cedo, encontrei na escrita um refúgio, onde me podia livremente exprimir, dedicando os meus textos ao rio, às pedras ou à avó. Aliada à escrita, também desenvolvi a paixão pela leitura, muito acesa na adolescência, onde fui introduzida aos livros dos mais crescidos, largos em extensão e em complexidade. E foi nessa fase que comecei a ganhar entusiasmo pela macroeconomia, tema cuja compreensão me fazia sentir cada vez mais pequenina e simultaneamente mais curiosa. Deste modo, o meu percurso académico foi naturalmente traçado, tendo tirado a licenciatura em Economia no ISEG, seguida pelo mestrado na mesma área na FEP. 

Ao longo do trajeto universitário tive duas grandes oportunidades para desenvolver trabalhos de investigação. Foram eles, o trabalho de seminário do último ano da licenciatura e a dissertação para a conclusão do mestrado. Estes trabalhos contribuíram profundamente para o crescente interesse na área de investigação, tendo-me, por isso, candidatado durante o final do mestrado a bolsas de investigação da FCT (Fundação para a Ciência e Tecnologia), através da Bolsa de Emprego Público (BEP).

Deste modo, acabei por ingressar profissionalmente no mundo da investigação académica. Neste momento, integro o COMEGI (Centro de Investigação em Organizações, Mercados e Gestão Industrial), da Universidade Lusíada, onde contribuo para a construção de artigos e projetos científicos nas áreas da gestão das organizações e marketing. É um trabalho bastante enriquecedor. Por um lado, somos impulsionados a conceber e interpretar diversas relações, realidades e contextos económicos. Por outro, somos deparados com novas ferramentas quer computacionais quer teóricas, que permitem validar os vários estudos em curso. Tudo isso alicerçado por algo que me preenche: a escrita. A aprendizagem é constante e cada dia irreproduzível. 

Em conclusão, partilho aqui a minha experiência não como um indicativo do que seguir profissionalmente, mas de como as nossas escolhas podem ser fundamentadas. O percurso de um estudante da FEP não está, de todo, limitado às big four, aos grandes bancos comerciais ou às funções financeiras do setor privado. Há muito mundo por descobrir e ter noção sobre a vastidão de possibilidades que podemos considerar é fulcral para se tomar uma melhor decisão. Todos somos seres únicos, com personalidade, gostos e potencialidades que podem e devem apontar, a par de outros fatores como o retorno financeiro ou a localização do emprego, o nosso caminho profissional. 

Note-se que já exerci várias funções desde que ingressei na universidade, e cada uma foi importante na busca do que quero ou não quero fazer. Acima de tudo, aprendi com a minha curta vivência que a nossa jornada dificilmente será linear. Os percalços seguidos pelas dúvidas farão inevitavelmente parte e a mudança de caminho será sempre uma solução válida para alcançarmos o desejado ponto de realização pessoal e profissional. E é a constante descoberta sobre nós próprios, em jeito de tentativa e erro, que nos levará a atingir esse ponto.