A escolha pela licenciatura em Economia não foi óbvia – também me entusiasmava o Jornalismo, o Direito ou, até, a Engenharia Informática –, mas valeu muito a pena. 

Valeu pela qualidade do ensino na FEP, valeu pela concentração de pessoas interessantes que pude conhecer, valeu por nos ensinarem a pensar. 

Também valeu pelo associativismo da Faculdade e de toda a Universidade do Porto. Refiro-me, por exemplo, à Sociedade de Debates, que me permitiu a discussão de temas controversos com alunos de diferentes backgrounds, ou ao Observatório de Economia e Gestão de Fraude, onde fiz investigação. Contudo, há um projeto que se distingue – perdoem-me a parcialidade –, criado pelas mãos de alunos irreverentes do primeiro ano da licenciatura, com gosto pela escrita: o Jornal Fepiano. É, para mim, um orgulho ter ajudado no parto e no crescimento, tê-lo liderado com o João Sequeira e, agora, continuar a acompanhá-lo, vivo e dinâmico.

Após a licenciatura, iniciei o meu percurso profissional na Sonae, na Direção de Recursos Humanos. Foi um período muito desafiante, porque, em simultâneo, estava a frequentar o Mestrado em Economia e Gestão Internacional na FEP e, por isso, tive que compatibilizar os desígnios académicos e profissionais. Ainda assim, apresentei uma dissertação de Mestrado que conduziu à publicação de um paper pela Review of World Economics, com os Professores Óscar Afonso, Pedro Neves e Elena Sochirca, e na Sonae, que considero ser uma valiosa escola, desenvolvi competências de análise e implementação de projetos. 

A Sonae, pela sua dimensão, diversidade de portefólio e de equipas, oferece a oportunidade de fazer carreira em ziguezague, significando realizar distintas funções, em diferentes áreas de negócio. Assim, volvidos cerca de dois anos, candidatei-me internamente à equipa de Planeamento e Controlo de Gestão (PCG) da Holding. Como Management Control Analyst, uma das minhas principais tarefas era o reporte mensal e consolidação de contas na ótica de gestão. Tinha que lidar com prazos muito rigorosos e comunicar com diversos interlocutores, desde a Contabilidade até às equipas de PCG dos negócios de retalho (alimentar, eletrónica, moda, desporto). Adicionalmente, fazia o acompanhamento de contas e controlo de desvios e participava no processo de orçamento anual.

Até esta fase, tinha estado sempre em funções corporativas, na Maia, mas sentia muito interesse por conhecer, de perto, a perspetiva do negócio e das operações. Por isso, candidatei-me à equipa de Business Intelligence & Analytics da Direção de Vendas da Worten, em Carnaxide. Atualmente, participo na definição e acompanhamento dos principais objetivos das operações, designadamente com ferramentas como o Power BI, e estou envolvida nos processos de orçamento, controlo de gestão e forecast mensal.

Independentemente dos desafios que se seguirem, considero que o mais importante não são, apenas, os percursos exímios – o meu está longe de o ser –, mas o genuíno interesse pelo que fazemos, a inquietação por aprender e a visão sobre o impacto que podemos ter nos nossos pequenos mundos. É esse o repto de Bertolt Brecht:

“Preocupem-se, ao deixar este mundo,
Não em terem sido bons, porque isso não basta,
Mas em deixar um mundo bom”