Opinião de Maria Gomes
Também incluído no FEPIANO 44, publicado em Outubro de 2021
Se precisas de um assunto para debateres de forma mais descontraída no teu grupo de amigos, aqui vai uma sugestão: ler o livro ou ver o filme? Com qual começar?
A verdade é que cada vez mais livros são adaptados para a indústria como, por exemplo, “Orgulho e Preconceito” de Jane Austen ou “A Rapariga no Comboio” de Paula Hawkins.
Posso dar-te algumas pistas do que provavelmente vai acontecer. Por um lado, vai haver aqueles que já nem colocam em questão ler o livro, principalmente se tiver mais de 300 páginas, pois para estas pessoas o filme é um bom resumo da história em geral. Mas atenção: pode acontecer alguém ler o livro primeiro e não gostar da história, tendo por consequência a falta de interesse em ver o filme. Por outro lado, também vão existir aqueles que preferem ler primeiro o livro e, só depois, ver o filme. Porém, preciso de avisar-te que desta ótica existirá sempre alguma coisa errada ou em falta no filme. Na maior parte das vezes, para eles o livro é melhor.
A questão é que independentemente de leres o livro ou de veres o filme primeiro, uma coisa é certa: vais sempre tender a compará-los. Muitas vezes, não é possível compilar o livro em 2 horas de filme e por isso é que muitas cenas são cortadas ou alteradas.
No secundário existem algumas obras que estudámos na integra, como “Os Maias” de Eça de Queirós. Se após se ler o livro, procurar-se ver o filme, poderá ser uma boa ajuda para condensar as ideias principais da narrativa. Por outro lado, se o aluno não demonstrar muito interesse por ler o livro e começar por ver o filme, poderá ser-lhe mais apelativo ler o livro.
No meu ponto de vista, por norma costumo ler o livro primeiro e só depois ver o filme, porque assim consigo ser surpreendida pelo final do livro. Há uns anos atrás costumava fazer o contrário, ou seja, ver o filme e, se gostasse, ler o livro. Porém, percebi que, para mim, não era o mais indicado a fazer, uma vez que como já sabia o final da história, não lia os últimos capítulos do livro. Um livro que me recordo perfeitamente disto ter acontecido foi “A Culpa é das Estrelas” de John Green.
Contudo, com o confinamento, estava muito tempo em frente aos ecrãs luminosos e, ao fim do dia, a forma que eu tinha para passar o tempo era a ler. Cheguei à conclusão que tinha imensos livros em casa que me tinham oferecido e que nunca tinha lido, e, portanto, procurei dar-lhes utilidade. Na realidade, ler tornou-se num dos meus hábitos favoritos.
Uma coisa é certa, o livro e o filme geram experiências diferentes. Ao ler o livro temos a liberdade de idealizar as personagens e o próprio ambiente. Porém, muitas vezes (e depois de se ler o livro) é com o filme que compreendemos melhor essas personagens.
Em suma, eu acredito que o mais importante seja “consumir” cultura. Se é através de filmes, séries, livros, peças de teatro ou debates, isso já é secundário e depende de cada um e da sua predisposição para tal.
A cultura incentiva à reflexão, confrontando-nos com outras realidades e procurando a mudança de cada um de nós, através da capacidade de sonhar e idealizar.
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