O conflito na Ucrânia começou em 24 de fevereiro de 2022 e, desde então, não há qualquer indício de um abrandamento da intensidade desta guerra. Por quantos mais anos se estenderá este confronto?

Foi por esta altura que, há dois anos, a cidade de Kiev estava mergulhada num enorme desassossego e a ser alvo de bombardeamentos. No dia em que se assinalaram os dois anos da guerra na Ucrânia, vários líderes políticos internacionais viajaram até à capital ucraniana e com eles chegaram também palavras de alento, elogio ao povo e aos militares. Foi uma manhã de memórias e de homenagens aos que perderam a vida na guerra, aos que ainda lutam e ao povo ucraniano que resiste com coragem.

“A loucura russa não vai ter lugar na nossa terra, no nosso mar ou no nosso céu.”

Zelensky agradeceu à Europa e ao mundo todo o apoio, deixando um alerta à Rússia: “O mundo tem os olhos na Ucrânia. O nosso destino depende só de nós conseguirmos atingir os nossos objetivos, o objetivo da paz, e estamos a fazer por isso. A loucura russa não vai ter lugar na nossa terra, no nosso mar ou no nosso céu. Orgulho-me de todos os militares ucranianos que estão a dizimar os ocupantes, que defendem as nossas posições, ou seja, defendem-nos a todos nós, toda a Ucrânia. Todos os assassinos russos, a começar por Putin, vão certamente responder por tudo o que fizeram.”

É importante recordar que esta guerra começou em 2014, com a ocupação da Crimeia e a intervenção russa no leste da Ucrânia, na região de Donbass. Desde então que cerca de 18% da Ucrânia está totalmente ocupada pela Rússia, sendo que aproximadamente 7% desse território já estava ocupado antes de 2022.

No início de fevereiro deste ano, a União Europeia aprovou um novo pacote de 50 mil milhões de euros para a Ucrânia. Já do lado norte-americano, os 60 mil milhões de dólares prometidos a Kiev há meses, continuam bloqueados no congresso devido a um veto por parte dos representantes republicanos. Os montantes prometidos pela União Europeia à Ucrânia serão entregues em várias frações. Tanto do lado russo como do lado ucraniano, as perdas civis e militares são segredos de Estado bem guardados. O New York Times calcula que tenham sido mortos ou feridos, desde o início da invasão russa e até agosto de 2023, entre 170 000 e 190 000 soldados ucranianos, com base em estimativas norte-americanas. Do outro lado, prevê-se que as perdas russas sejam mais elevadas, com cerca de 300 000 soldados que terão morrido ou ficado feridos durante o mesmo período de tempo.

Segundo a Agência da ONU para os Refugiados, ACNUR, atualmente o número global de refugiados provenientes da Ucrânia é de 6,4 milhões e a grande maioria encontra-se na Europa. Desta forma, os principais países de acolhimento são a Alemanha, a Polónia e a Chéquia. Por outro lado, dentro da Ucrânia há também 3,7 milhões de pessoas que continuam deslocadas internamente.

Apesar da ajuda financeira e militar oriunda de diversos países, o que é certo é que a Ucrânia tem ainda um longo caminho a percorrer com esforços de recuperação e de reconstrução e que, indubitavelmente, esses esforços não se poderão esgotar porque esta guerra não se trata apenas da defesa de um povo, mas sobretudo de defender o bem.