Opinião de Maria Carvalho
Também incluído no FEPIANO 55, publicado em Março de 2025
Ser um bom gestor financeiro trata-se de um papel que, cada vez mais, todos devem saber como desempenhar, de modo a garantir a melhor qualidade de vida possível.
Aquando da entrada no ensino superior, nas redes sociais e no nosso ambiente familiar, variadas são as vezes que nos vendem ideias contrastantes. Por um lado, ouvimos dizer que o dinheiro não é importante, por outro, existem sempre pessoas da opinião que o dinheiro deve ser a preocupação primordial. No meio está a virtude e, portanto, considero que, de facto, o dinheiro não é tudo, no entanto, é um aspeto essencial para proporcionar qualidade de vida.
Não basta termos dinheiro se não o soubermos gerir. Neste caso, a educação financeira desempenha um papel essencial na construção de jovens aptos para tomarem decisões e fazerem escolhas conscientes tendo em conta os seus limites financeiros. Não só os economistas e gestores devem perceber de dinheiro, mas também, por exemplo, artistas, engenheiros, profissionais de saúde, cozinheiros ou cuidadores informais, de maneira a que a sociedade em geral tenha conhecimentos que lhes permitam maximizar a sua qualidade de vida. Para isto, é preciso que todos tenham a oportunidade de aprender noções básicas sobre finanças. A introdução de disciplinas relacionadas com finanças pessoais nas escolas torna-se urgente. Dotar os alunos de conhecimentos da área financeira torná-los-á mais conscientes no momento em que tiverem de decidir se podem ir sair com os amigos dali a dois dias ou quando estiverem a pedir um empréstimo para a compra da sua primeira casa dali a dez anos. Ao mesmo tempo, o crescente número de pessoas que fala abertamente (e de forma fidedigna) sobre questões monetárias nos media, em podcasts e nas redes sociais leva a que mais pessoas tenham acesso a este tipo de informação. O diálogo entre pais e filhos sobre o seu orçamento familiar e os limites financeiros que apresentam origina que as crianças e jovens cresçam com a noção de que as possibilidades económicas da família não são infinitas e que é necessário definir prioridades. Adicionalmente, o contacto com outros contextos socioeconómicos leva a que as crianças e jovens consigam aprender a lidar com diversos tipos de pessoas bem como a reinventarem planos de modo a que todos consigam neles participar.
“Não basta termos dinheiro se não o soubermos gerir.”
Uma das primeiras etapas de vida em que são colocadas à prova as nossas capacidades de gestão financeira, corresponde ao ensino superior. Com uma maior independência, a universidade assume-se como um primeiro passo na vida de um estudante que começa a ser gestor das suas próprias contas. Seja através de uma mesada, de um trabalho ou de poupanças acumuladas, os jovens adultos veem-se obrigados a tomar decisões sobre como e onde irão utilizar o seu dinheiro. Ter um orçamento definido levará os estudantes a terem de fazer uma espécie de “ginástica” com os seus recursos monetários sentindo na pele o problema económico – fazer escolhas numa realidade em que os recursos são insuficientes para satisfazer todas as nossas necessidades.
Assim, os tempos de estudante – o começo da vida adulta – são essenciais para formar cidadãos responsáveis e aptos para a vida futura. Perceber de dinheiro deve ser uma prioridade para qualquer jovem adulto e para os seus educadores, sejam eles os familiares ou professores. Entender como podemos maximizar o nosso dinheiro é fundamental para aproveitarmos cada oportunidade de ter uma vida melhor, a nível financeiro e pessoal.
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