O Dia Internacional contra a Discriminação Racial, celebrado anualmente no dia 21 de março, é uma data estabelecida pela Organização das Nações Unidas com o intuito de reforçar a luta global contra o racismo, a xenofobia e todas as formas de intolerância baseadas em raça ou etnia. Esta data foi escolhida para homenagear as vítimas do Massacre de Sharpeville, que ocorreu em 1960, na África do Sul, e é considerado um dos episódios mais marcantes da luta contra o apartheid (regime de segregação racial que tomou conta da África do Sul de 1948 a 1994).

O Massacre de Sharpeville foi um dos episódios mais violentos que decorreu durante o regime de segregação racial na África do Sul. Neste dia, milhares de manifestantes protestavam pacificamente contra as leis que restringiam os direitos de circulação da população negra. A resposta da polícia foi brutal: dispararam contra a multidão desarmada, matando 69 pessoas e ferindo centenas.

Este evento gerou indignação internacional e marcou um ponto de viragem na luta contra o apartheid, levando a ONU a reconhecer oficialmente a gravidade da discriminação racial. Então, em 1966, a Assembleia Geral da ONU declarou o dia 21 de março como o Dia Internacional contra a Discriminação Racial,”incentivando governos e organizações a reforçarem os seus compromissos com a igualdade racial.

Em 1966, a Assembleia Geral da ONU declarou o dia 21 de março como o Dia Internacional contra a Discriminação Racial.”

Ao longo dos anos, esta data tornou-se um momento de reflexão sobre os avanços e desafios na erradicação do racismo e da discriminação racial em todo o mundo. Contudo, apesar de todos os avanços que a sociedade tem verificado ao longo dos anos, o racismo continua a manifestar-se de diversas formas, como desigualdade no acesso à educação, discriminação no mercado de trabalho, violência e brutalidade policial e disparidades no acesso à saúde.

Em muitos países, crianças e jovens de minorias raciais enfrentam barreiras no acesso à educação de qualidade: escolas em comunidades racializadas frequentemente recebem menos recursos e os alunos que as frequentam enfrentam preconceitos dentro do sistema educativo.

Estudos demonstram que pessoas pertencentes a grupos racializados têm menos oportunidades de emprego, recebem salários mais baixos e enfrentam maiores dificuldades em progredir na carreira. 

Casos de violência policial contra minorias raciais são frequentemente relatados em diversas partes do mundo. Movimentos como o Black Lives Matter, nos Estados Unidos, surgiram precisamente como uma resposta à brutalidade policial e ao assassinato de pessoas negras inocentes por forças de segurança.

O racismo também afeta o acesso a cuidados de saúde de qualidade. Em alguns países, grupos racializados têm taxas mais altas de doenças crónicas, o que se deve a um menor acesso a tratamentos e podem ainda ser vítimas de preconceito por parte dos profissionais de saúde.

A luta contra a discriminação racial envolve ações em diversas frentes, desde políticas públicas até iniciativas individuais. A ONU tem desempenhado um papel fundamental através de convenções como a Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial (ICERD), que entrou em vigor em 1969, que obriga os países signatários a adotarem medidas concretas para erradicar o racismo. Além disso, muitos países implementaram legislações que criminalizam a discriminação racial, promovem a igualdade de oportunidades e estabelecem órgãos de fiscalização para garantir o cumprimento dos direitos humanos.

Programas de inclusão e equidade racial, como políticas de quotas étnico-raciais em universidades e incentivos à diversidade no mercado de trabalho, são fundamentais para reduzir desigualdades históricas e promover uma sociedade mais justa. Paralelamente, a educação desempenha um papel crucial ao ensinar sobre a história e os impactos da discriminação, ajudando a combater preconceitos desde cedo.

O ativismo também é uma força essencial na luta contra o racismo. Movimentos como o SOS Racismo, o Black Lives Matter e outras organizações internacionais denunciam casos de discriminação, pressionam governos e sensibilizam a sociedade para a importância da igualdade racial, promovendo mudanças mais concretas.

Assim, o Dia Internacional contra a Discriminação Racial é uma data que incentiva a reflexão e a ação: o racismo continua a ser uma realidade em muitas partes do mundo, mas os avanços na luta pela igualdade racial demonstram que a mudança é possível.