O consumo de eletricidade tem aumentado a uma velocidade crescente. Sendo esta a nossa realidade, é necessária uma maior preocupação com as fontes usadas para a gerar, quer a nível ambiental, quer económico.
Portugal, no decorrer do Acordo de Paris e como membro da União Europeia, teve de rever a sua política energética. Assim, traçou novos objetivos, como a redução do consumo de energia pelo Estado em 30% e a neutralidade carbónica até 2050. Alguns podem ser demasiado ambiciosos, mas redefinem o nosso olhar sobre a questão energética e ambiental.
O nosso país tem como fonte de energia principal os combustíveis fósseis, nomeadamente o petróleo, que, em 2018, representava 48% do consumo de energia final. Contudo, o mundo está mais consciente dos seus impactos ambientais e, em Portugal, os combustíveis fósseis têm sido substituídos por fontes mais limpas, reduzindo-se a utilização do carvão e aumentando a das tão afamadas energias renováveis.
Em 2017, o contributo das energias renováveis no consumo de energia primária foi de 21% e este é um número com tendência para aumentar, porque esta parece ser a solução energética mais favorável: ajuda a diminuir a poluição e tem fontes renováveis, inesgotáveis e endógenas.
A Biomassa é a fonte de energia renovável mais explorada atualmente e é especialmente interessante devido às suas aplicações, como o Biogás, que poderia ser uma mais valia na descarbonização do setor dos transportes. A seguir a esta, encontram-se a eólica, dada a sua capacidade de ser explorada em qualquer parte do território nacional, e a hídrica, com grande relevância no Norte, mais chuvoso.
No entanto, e apesar da sua penetração rondar o 1%, a energia solar é a que tem maior margem de crescimento em Portugal, devido à elevada irradiação solar. Dizem as estimativas do Departamento de Energia dos EUA que o total de energia solar absorvida pela superfície da terra num ano equivale a mais energia numa hora do que a humanidade utiliza em 12 meses. Para além disto, tem-se verificado uma redução do custo dos módulos fotovoltaicos, o que torna o seu autoconsumo economicamente favorável.
Sendo assim, as energias renováveis serão a opção mais sustentável a nível ambiental. Sê-lo-ão a nível económico?
A utilização de energias renováveis reduz a exposição da economia à volatilidade dos preços do petróleo, para além de que permite a redução da nossa dependência energética face ao exterior. E, na realidade, a redução das importações de carvão e gás natural levou a que este índice descesse para 77%, o que torna mais realístico o ambicioso objetivo de o reduzir para 65% até 2030.
Contudo, conseguirá a economia suportar tal reconversão tecnológica?
Podemos estar a assistir, de facto, a uma redução do custo de certos equipamentos, mas o custo inicial de instalação dos mesmos é muito elevado, pelo que o investimento nestes só terá retorno a longo prazo. Já para não falar que a rede elétrica nacional terá de ser adaptada e existem aparelhos obsoletos, nomeadamente na frota de aerogeradores, que precisam de ser substituídos para atingir o máximo potencial.
António Sá da Costa, presidente da APREN (Associação Portuguesa de Energias Renováveis) refere que “os próprios cidadãos preferem as soluções de menor custo imediato e esquecem os aspetos de sustentabilidade a longo prazo”. Estes são certamente custos a ter em conta, porém não será mais perigoso colocar em risco toda a sustentabilidade do nosso planeta, perdendo também a oportunidade de explorar o potencial que o nosso país revela na produção de energia limpa? Citando um artigo de João Wang de Abreu, que descreve da melhor forma esta questão: “as decisões a tomar hoje ao nível de política energética irão definir que país queremos ter em 2030 e em 2050”.

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