Opinião de Maria João Leandro
Também incluído no FEPIANO 39, publicado em Dezembro de 2019
Depois do anúncio em 2014, pelo presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, da abertura de um concurso público internacional para reabilitação e exploração do Pavilhão Rosa Mota e do início das obras em outubro de 2017, o emblemático pavilhão multiusos da cidade, localizado nos jardins do Palácio de Cristal, foi finalmente reinaugurado no passado dia 31 de outubro. O consórcio “Porto 100% Porto”, constituído pela construtora Lucios (50%), a Pev Entertainment (40%) e a Oliveira Santos Consultores (10%), será responsável durante os próximos 20 anos pela concessão do pavilhão, após ter ganho o concurso e de ter investido algo como oito milhões de euros na obra. Além de todas as modificações físicas que o pavilhão sofreu, também o seu nome foi alterado, passando agora a chamar-se “Super Bock Arena – Pavilhão Rosa Mota”.
Foi à banda portuense Ornatos Violeta que coube a oportunidade de estrear o renovado pavilhão com dois concertos, nos dias 31 de outubro e 1 de novembro. Tive oportunidade de assistir à segunda data e fiquei muito contente por não ter perdido este espetáculo. A banda constituída por Manel Cruz (voz), Nuno Prata (baixo), Peixe (guitarra), Kinörm (bateria) e Elísio Donas (teclado) voltou aos palcos no passado verão para celebrar os 20 anos do seu segundo e último álbum, “O Monstro Precisa de Amigos”. Durante o compasso de espera para o início do concerto marcado para as 22 horas, pude observar que, apesar de não se encontrar esgotado, a sala estava praticamente cheia. Era possível encontrar, atrevo-me a dizer, três gerações diferentes. Quem conhece a música dos Ornatos talvez não esteja propriamente à espera de que esta seja apreciada por crianças ou por alguém com idade suficiente para ser meu avô, mas por se tratar de uma banda tão mítica do Porto, os seus concertos acabam por se tornam num espetáculo para toda a família.
Como já seria de esperar, o concerto começou atrasado, mas poucos se revelaram incomodados com esse facto e aqueles que o estavam, rapidamente se esqueceram do incómodo quando a banda entrou em palco, recebida com gritos e aplausos. Seguiram-se umas quantas músicas antes de o vocalista agradecer a presença de todos, manifestando o quão felizes estavam por terem tido a oportunidade de tocar para nós. O público cantou com a banda todas as canções. A produção visual não é algo que os fãs estejam habituados a observar, mas, naquela noite, uma dança complexa de luzes e projeções acompanhou as músicas de forma harmoniosa. A banda estava extasiada com a energia do público, que sabia a letra de cada canção. Fomos ainda presenteados com dois encores, embora para alguns tenha sabido a pouco.
As minhas expectativas para este renovado espaço, que se tornou na maior sala de espetáculos da Invicta, são bastante elevadas. Espero que venha a ser utilizado com regularidade, responsabilidade e rentabilidade, devolvendo assim ao Palácio de Cristal o estatuto que outrora teve.
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