Opinião de Francisco Centeno
Também incluído no FEPIANO 39, publicado em Dezembro de 2019
A mobilidade sempre foi uma realidade para o ser humano. Desde que os humanos pré-históricos se deslocavam para caçar animais, até que começaram a deslocar-se das suas casas para os seus cultivos. Muito provavelmente não existia trânsito no tempo dos primeiros humanos. Nem existiam cidades com milhares e milhões de habitantes. No entanto, essa é a norma agora. Após a Revolução Industrial, a situação mais comum passou a ser a deslocação diária entre casa e emprego ou estabelecimento de ensino.
Recentemente, esse facto tornou-se mais real para mim, pois comecei a minha vida profissional. Necessito de me deslocar, naturalmente, entre a minha residência e o meu local de trabalho. Sendo ambos os locais na cidade do Porto, tenho ao meu dispor várias opções no que toca a transportes públicos. Posso escolher o autocarro, o metro, o táxi e, sendo eu um Millennial segundo alguns entendidos na matéria, ou uma pessoa da Geração Z segundo outros entendidos na mesma matéria, sou teoricamente mais propenso aos transportes individuais e remunerados em veículos descaracterizados a partir de plataforma eletrónica, vulgo TVDE’s, vulgo Uber e afins.
Sim, os transportes públicos são o pilar da mobilidade entre localidades e dentro das cidades. Estão na moda porque faz sentido que assim seja. Reduzindo o número de automóveis nas estradas, pois dezenas de pessoas vão concentradas num único veículo, há menos trânsito, libertando espaço e tempo de viagem para os automóveis que de facto necessitam de circular. Há também menos poluição, pois existem menos carros a emitir gases poluentes. No entanto, tenho-me deslocado de carro pessoal para o meu emprego, o que significa mais um carro na estrada a fazer essas emissões, apenas por minha causa.
Confesso que não é a solução mais sustentável para o ambiente. Nem sequer é a solução mais sustentável para a minha carteira, dado que o combustível é caro. No entanto, os fatores tempo de viagem e comodidade sobressaíram em relação aos fatores preço e ambiente. Não estando nem a minha residência nem o meu local de trabalho nas imediações de uma estação de metro, a única solução de transporte público acessível financeiramente é o autocarro.
A minha consciência impeliu-me a experimentar o autocarro. Uma rápida pesquisa com recurso ao novo melhor amigo do homem, o Google Maps neste caso, deu-me então o resultado para o meu percurso a fazer. Esse percurso consistiu em cerca de 1 hora de viagem em dois autocarros, na maior parte do tempo bastante apinhados, devido a uma troca de linha. Mesmo com o trânsito, que consegue por vezes ser bastante insuportável, o tempo de viagem costuma andar à volta dos 30 minutos, sendo ligeiramente menor o tempo de manhã e ligeiramente maior ao final do dia.
E sim, o trânsito é aborrecido. O para-arranca é irritante, especialmente para quem tem um carro com mudanças manuais. Tenho sempre algum receio de haver algum toque entre carros, seja feito por mim ou por outro carro no meu, e também de estar envolvido num acidente. Há condutores que adotam um estilo de condução bastante ofensivo, ao contrário do estilo defensivo que é recomendado, e a quantidade de condutores que não usam os “piscas” quando deveriam é demasiada.
Já sei que opções tenho ao meu dispor, qual escolher? Isso vai depender de vários fatores como o preço, o tempo de viagem, a comodidade e o fator poluição, como já se viu. Será que vou deixar o carro em favor de outra opção? O tempo que se poupa e a comodidade de ter mais espaço e ar à disposição levam-me a dizer que não. Mas a minha consciência de membro de uma de duas gerações ambientalistas leva-me a ter sempre essa hipótese viva no meu pensamento.
Comentários