Opinião de Mariana Loureiro
Também incluído no FEPIANO 56, publicado em Abril de 2025
A gigantesca evolução da tecnologia e a sua inserção na nossa vida quotidiana revolucionou completamente a forma como nos relacionamos uns com os outros.
Esta interação entre a tecnologia e a inovação é uma discussão complexa, com implicações em todas as esferas da vida de todos e, por isso, gostaria de incitar os nossos estimados leitores a uma reflexão. Não vou dar todas as respostas às questões que vou levantar, até porque não as sei, nem ninguém as sabe, mas, se tudo correr bem, espero conseguir despertar a vossa curiosidade acerca deste tema.
Atualmente, é quase impossível imaginar um mundo em que não estejamos constantemente contactáveis e conectados às outras pessoas, seja através das redes sociais, mensagens, chamadas telefónicas, e-mails, entre outros. Porém, isto não significa que estas interações digitais sejam equivalentes às que temos cara a cara.
É fácil perceber que as redes sociais nos dão muito mais controlo sobre aquilo que dizemos, partilhamos e mostramos aos outros. Esta gestão de “impressões”, ou seja, da versão de nós que apresentamos às outras pessoas, permite-nos moldar uma boa parte da nossa imagem nas suas mentes. É possível controlar melhor as nossas reações, as nossas respostas e as nossas atitudes, o que pode levar a uma certa perda de autenticidade.
“Permite-nos moldar uma boa parte da nossa imagem nas suas mentes”
Mas nem sempre isto se aplica. As redes sociais também podem ser utilizadas como um meio de expressão e uma forma de encontrar pessoas de todos os cantos do mundo que partilham os mesmos interesses, ideias e opiniões que nós, contribuindo para um sentimento de pertença que talvez de outra forma nunca viríamos a sentir. Por isso, as tecnologias acabam por se tornar também uma forma de escapatória.
Contudo, se as utilizarmos como maneira constante de fugir a situações menos agradáveis ou constrangedoras, a sua utilização pode tornar-se prejudicial: Porque é que eu haveria de tentar iniciar uma conversa com um desconhecido num café, se eu posso colocar os meus fones de ouvido e ver um vídeo no Youtube, ou ouvir um podcast, ou fazer scroll infinito no Instagram, Pinterest ou TikTok?. Esta nossa tendência para permanecer na nossa zona de conforto pode estar a comprometer todas as nossas relações, uma vez que cada vez mais estamos a aderir à “lei do menor esforço”.
Porém, as tecnologias também nos oferecem formas de nos mantermos em contacto com a nossa família e amigos e de lhes mostrarmos carinho, atenção e dedicação, algo que é extremamente benéfico para a manutenção destes laços, já que todas as boas relações exigem esforço.
Por fim, gostaria de reforçar que o grande avanço das tecnologias trará sempre mudanças e desafios, mas que com eles surgem também oportunidades para fortalecer as nossas relações e até melhorar a forma como nos relacionamos uns com os outros.
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