Sofia Condez Alves
Também incluído no FEPIANO 50, publicado em Fevereiro de 2024
No mundo da cultura pop, Taylor Swift destaca-se tanto como uma força arquitetónica que molda a nova era da música, bem como uma potência económica, alterando as próprias dinâmicas da indústria musical.
Ao assumir o título de “Pessoa do Ano” da revista TIME, esta não é apenas uma celebração pelos seus êxitos nas tabelas ou pela sua perspicácia no cenário empresarial, mas também um reconhecimento de Swift como uma contadora de histórias extraordinárias. O seu impacto transcende métricas quantificáveis, com sismogramas a documentar a influência palpável dos seus fãs e o PIB de países a servir como indicador das suas contribuições financeiras.
Apesar do título ser oferecido normalmente a políticos influentes ou a empresários inovadores – como Zelensky e Musk nos últimos anos – a revista TIME colocou o holofote em Swift. Ao contrário dos detentores tradicionais de poder político ou domínio corporativo, Taylor conquistou o seu lugar, não através de autoridade convencional, mas pelo impacto profundo que tem deixado na cultura e na arte. Aos 33 anos, Swift tornou-se na primeira “Pessoa do Ano” celebrada pelas suas contribuições para o mundo artístico. A decisão, apesar de controversa, foi inevitável, à medida que as palavras “Taylor” e “Swift” foram pronunciadas, ouvidas, ou lidas, por milhões de pessoas pelo menos um vez este ano.
“A decisão, apesar de controversa, foi inevitável, à medida que as palavras “Taylor” e “Swift” foram pronunciadas, ouvidas, ou lidas, por milhões de pessoas pelo menos uma vez este ano.”
A escolha da TIME para o título destaca a expansão da definição de liderança no mundo atual, onde a influência de artistas pode rivalizar com a de estruturas de poder tradicionais. Num ano marcado por mudanças sociais, Taylor Swift remodelou a narrativa de 2023, tecendo a sua história numa lenda global e oferecendo um espaço coletivo de alegria e de autodescoberta.
No que diz respeito ao seu impacto cultural, a música de Taylor Swift tornou-se este ano num hino que ressoa através de gerações, posicionando-a como um símbolo que transcende a idade, e tornando-se a banda sonora de milhares de vidas. Com um extenso catálogo que conta com mais de 200 músicas, ela lidera como a artista mais ouvida no Spotify, com mais de 100 milhões de ouvintes por mês. O trabalho lírico de Swift induziu a diálogos sobre amor, desilusão e autodescoberta. Através da sua narrativa, ela revela-se uma contadora de histórias para a experiência humana coletiva, conectando-se com os fãs em um nível profundamente pessoal.
Além das melodias, Swift é reconhecida como uma voz do movimento feminista, constantemente usando a sua plataforma para promover a igualdade de género e desafiar normas sociais. De facto, a sua canção “The Man” expressa exatamente esses ideais, com versos como “estou tão cansada de correr o mais rápido que posso/ Pergunto-me se chegaria lá mais rápido se eu fosse um homem”.
A influência de Swift ultimamente vai ainda além da música e do ativismo. Quando a sua relação com a estrela de futebol americano Travis Kelce se tornou pública, esta alcançou o impossível – tornar o futebol ainda mais famoso. O seu impacto foi tangível — as vendas de camisolas com o nome de Kelce viram um aumento impressionante de 400%, acompanhado por um aumento de 63% na audiência dos jogos do Kansas Chiefs. Este efeito indireto da presença de Taylor revelou a sua capacidade de influenciar o comportamento do consumidor em grande escala.
Quando se trata das vendas e receitas dos seus próprios concertos, Swift joga numa liga própria. As suas performances transcendem eventos musicais comuns, sendo fenómenos culturais que atraem audiências colossais. A sua tour global, que abrange 42 países diferentes, está prestes a gerar 4,1 biliões de dólares, no qual Swift estima embolsar cerca de 370 milhões de dólares em vendas de ingressos e merchandising. O impacto económico é palpável nas vendas de bilhetes, com uma média de 396 dólares individual, nas transações de merch e no impulso substancial para as economias locais das cidades que recebem os seus concertos. Cálculos revelam que cada fã americano, em média, gastou cerca de 1279 dólares, contribuindo para um acréscimo de 5,7 biliões de dólares à economia dos Estados Unidos.
O poder económico de Swift estende-se às vendas tradicionais de álbuns, um testemunho da sua popularidade duradoura. Os seus álbuns consistentemente alcançam a marca de 1 milhão de cópias vendidas numa única semana. Apesar de não possuir os direitos de ganho de seus seis primeiros álbuns de estúdio, o seu catálogo desde 2018 é estimado entre 400 milhões e 1 bilião de dólares.
“Desde a estreia como uma artista country até transitar a uma ícone pop, enfrentando controvérsias e emergindo como uma superestrela global, a carreira de Swift é uma narrativa que merece ser contada.”
Além disso, a incursão de Swift na indústria cinematográfica foi também uma grande fonte de lucro. Com várias plataformas de streaming a disputar os direitos do seu filme de concerto, ela optou por uma abordagem independente, assinando um acordo direto com os cinemas AMC. Apenas no primeiro dia de pré-venda, a receita de bilheteria chegou a 37 milhões de dólares. O filme, uma mera gravação de um concerto ao vivo, arrecadou 93 milhões de dólares durante o seu fim de semana de estreia, solidificando a sua posição como o filme doméstico de maior bilheteira de todos os tempos.
Ao longo da sua carreira, Swift passou por várias reinvenções, mostrando uma notável capacidade de aprender com as tendências em constante mudança e
de nunca sair de moda (Style (Taylor’s Version) – 1989 (Taylor’s Version)). A sua evolução musical através de diferentes eras — desde o country do seu álbum de estreia até os ritmos synth-pop de “1989” e aos tons introspetivos de “Folklore” e de “Evermore” — demonstra uma versatilidade que define seu legado artístico. Cada era não é apenas uma fase, mas um capítulo de um livro
que foi escrito ao longo de duas décadas, deixando uma marca duradoura na indústria musical. Desde a sua estreia como uma artista country até à transição para ícone pop, enfrentando controvérsias e emergindo como uma
superestrela global, a carreira de Swift é uma narrativa que merece ser contada.
Ultimamente, o seu legado excede a música, estendendo-se ao âmbito académico, onde a sua influência é reconhecida com um diploma honorário — um testemunho de suas contribuições como uma contadora de histórias contemporânea.
Ainda no mundo académico, a influência de Swift toma uma forma mais estruturada, com aulas universitárias baseadas nela, explorando as interseções da literatura, negócios e direito dentro do seu mundo artístico.
Assim, a influência de Taylor Swift destaca-se como uma contraparte contemporânea ao impacto dos Beatles, sendo o movimento “swiftie” uma versão moderna da “beatlemania”. Enquanto os fãs constantemente dissecam as suas performances, analisam a sua aparência, exploram a sua vida amorosa, analisam as suas posições nos charts e apreciam a sua música, Taylor Swift se tornou, nas palavras da revista TIME, “a personagem principal do mundo”. Este sentimento é ecoado em suas letras enquanto ela canta com milhares de fãs, “viva todas as montanhas que movemos, eu passei os melhores momentos a lutar contra dragões convosco” (Long Live (Taylor’s Version) – Speak Now (Taylor’s Version)).
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