As nossas emoções e sentimentos determinam a maneira como vivemos o dia-a-dia e como superamos os diferentes desafios do quotidiano. No entanto, costumamos cair no hábito de desvalorizar o que sentimos e de “varrer os nossos problemas para debaixo do tapete”. 

Na minha opinião, o medo de enfrentar o que sentimos é uma das principais razões que justificam este hábito. Na maioria das vezes,  este comportamento ocorre porque não sabemos o que fazer para lidar com tudo o que se passa na nossa mente, para melhorar a nossa saúde mental e, consequentemente, o nosso bem-estar.

Para além disso, num mundo em que a produtividade é um dos maiores focos na nossa vida, parar para pensar no nosso bem-estar ou até tirar um tempo para descansar torna-se muitas vezes uma ação desvalorizada e frequentemente esquecida. 

Por isso, é necessário dar o primeiro passo e valorizar esta parte tão essencial da nossa saúde. 

Assim, gostaria de desafiar os leitores a fazer uma pausa. Parem tudo o que estão a fazer e dediquem-se a uma reflexão durante alguns minutos. Andam felizes? Aborrecidos? Cansados? Distraem-se facilmente? Conseguem estar sozinhos com os vossos pensamentos sem se sentirem confusos ou deprimidos? Será que andam a dormir bem? E a fazer exercício físico? Há quanto tempo não sentem o calor do sol na pele? Quando foi a última vez que fizeram aquela atividade que vos põe de sorriso na cara e aquece o vosso coração? Nos últimos tempos, alguma vez se sentiram completamente mergulhados em emoções negativas?

Após esta reflexão, é importante perceber se existe algum problema e admitir que este existe, por mais pequeno e insignificante que pareça. Só depois de aceitarmos que há algo a ser resolvido é que podemos procurar uma solução. Por vezes, esta pode ser encontrada em momentos de “self-care”, isto é, momentos de autocuidado, nos quais fazemos alguma coisa que promova a nossa saúde mental, como desenhar, pintar, ler um livro, meditar, ouvir aquela música que nos faz sentir em paz, fazer exercício físico, tomar um banho relaxante, fazer uma caminhada, entre muitas outras atividades.

No entanto, isso pode não ser o suficiente. Muitas vezes os problemas de saúde mental são mais complexos e profundos do que parecem, portanto, resolvê-los implica pedir ajuda a um profissional. 

Nos dias de hoje ainda existe um certo preconceito, vergonha e receio de recorrer a terapias que nos auxiliem a resolver ou a melhorar a nossa saúde mental. Porém, não há maior sinal de amor próprio, nem decisão mais acertada, sensata e madura do que a escolha de pedir ajuda. Uma simples pesquisa na internet, um telefonema ou outro tipo de contacto com um profissional poderá ser a chave para uma jornada desafiante, mas recompensadora.

É fundamental perceber que não estamos sozinhos. Precisamos de acreditar que não somos os únicos a viver com determinada dificuldade, que todos os problemas podem ser resolvidos ou minimizados e que está tudo bem em não estar bem.

Está tudo bem em não estar bem

Por fim, a sensação de estarmos a cuidar de nós, de nos sentirmos melhor psicologicamente e de aprendermos no processo é uma das maiores riquezas que podemos alcançar na vida.