Nunca antes se debateu tanto o equilíbrio entre trabalho home office e trabalho no escritório. A estrutura do mercado de trabalho tem sofrido diversas alterações e adaptado-se rapidamente, em grande parte devido à pandemia iniciada em 2020, que obrigou a uma rápida transição para um novo contexto. De acordo com um estudo da McKinsey de 2022, cerca de 87% dos trabalhadores que têm a possibilidade de trabalhar remotamente aproveitam essa oportunidade — pelo menos um dia por semana. 

Por um lado, o trabalho presencial traz consigo mais motivação e foco, além de permitir um contacto direto com os colegas, em vez de estarmos rodeados pelo ambiente doméstico de todos os dias após as 18h, onde convivemos com as personagens principais da nossa vida –  o que pode afetar a concentração. A separação entre a vida pessoal e profissional é, neste caso, um ponto muito importante. No entanto, o tempo perdido no trânsito e a agitação que isso provoca são grandes desvantagens. Trabalhar at the office implica uma maior rigidez de horários, o que muitas vezes implica ficar mais tempo do que o necessário, contrariamente ao que aconteceria se simplesmente terminássemos uma reunião e fechássemos o computador. 

Ainda assim, é inegável o conforto de trabalhar a partir de casa. Em primeiro lugar, permite-nos ter um dia muito mais completo, no qual, além do tempo dedicado ao trabalho, conseguimos integrar atividades fundamentais para o nosso descanso e bem-estar, como ir ao ginásio, tomar o pequeno-almoço em família ou até ler um livro – hábitos que dificilmente seriam possíveis num regime totalmente presencial. Além disso, este modelo contribui para um mundo mais conectado, onde é possível trabalhar mesmo estando do outro lado do oceano, ampliando as oportunidades de contratação e permitindo às empresas formar equipas mais diversas e internacionais. 

Mas, claro, nem tudo é perfeito. O trabalho remoto pode conduzir a um maior isolamento, especialmente para aqueles menos confortáveis em ambientes dinâmicos e com muita interação social. Pode ainda comprometer a comunicação entre equipas, afetando o ambiente de trabalho e a qualidade dos projetos. Por último, há sempre quem aproveite este “conforto” para dar a entender que está a trabalhar, quando na verdade está apenas a disfrutar de umas mini-férias…

Será o modelo híbrido a resposta mais sensata às exigências do mercado atual? Esta solução, que conjuga o melhor do trabalho remoto com o trabalho presencial, tem sido adotada por grandes empresas como a Google e a Microsoft, no setor da tecnologia, ou como a PwC e a Deloitte, no setor da consultoria, que veem neste modelo a possibilidade de garantir maior flexibilidade sem comprometer o profissionalismo necessário. Esta abordagem está alinhada com as tendências do futuro do mercado de trabalho, marcadas pela transformação digital e pela valorização do bem-estar dos trabalhadores. Assim, e de acordo com a constante evolução do mercado, é necessário que empresas e profissionais se adaptem e invistam em formação contínua, fazendo com que o trabalho híbrido seja um caminho possível e eficaz.

Concluindo, tanto o trabalho remoto como o trabalho presencial apresentam vantagens e desafios que variam consoante o contexto de cada empresa e de cada profissional. O modelo híbrido surge como uma tentativa de conjugar as necessidades dos trabalhadores, procurando preservar o equilíbrio entre trabalho e vida pessoal, com os objetivos da empresa. No entanto, não existe um modelo perfeito, pelo que o verdadeiro desafio está em encontrar soluções flexíveis e adaptáveis ao contexto em que vivemos. No fim de contas, o futuro do trabalho não será sobre onde estamos, mas sim sobre como trabalhamos.