Durante a tarde de 13 de novembro de 2022 ocorreu uma explosão numa das ruas pedonais mais movimentadas de Istambul, Istiqlal, deixando 6 mortos e 81 feridos, segundo a fonte Euronews e Público. Horas mais tarde, o presidente da Turquia anuncia suspeitas de ter sido um atentado terrorista. É, também, de salientar que, nos dias seguintes, a polícia deteve uma mulher suspeita pelo atentado.
No dia em referência, o Gonçalo desembarcava de um voo de Hamburgo para Istambul com os seus amigos, com o intuito de celebrar, na capital da Turquia, o seu aniversário. Tendo ele uma alma de viajante, pretendia que esta viagem fosse a ponta de lança para a sua descoberta do continente asiático.
Assim que pousaram os pés na terra de destino e retiraram os telemóveis de modo voo, foram assoberbados por inúmeras mensagens e chamadas de familiares e amigos.
Já no aeroporto de Istambul, descrito como de grande dimensão e com diversos ecrãs espalhados, auferiram que estes últimos transmitiam “Breaking News”. Curiosos, embora receosos, constataram que numa das ruas mais movimentadas da capital tinha ocorrido uma explosão.
Várias foram as possibilidades encontradas para tal acontecimento, entre a proximidade com a embaixada russa e pelo papel mediador que a Turquia tem desenvolvido na Guerra da Ucrânia ou ataque terrorista.
Em Istiqlal, na fronteira a um shopping que foi afetado pela explosão, localizava-se o hotel onde se iriam alojar. Além disso, nessa zona, a lotação hoteleira encontrava-se praticamente cheia, pelo que não encontrou muitas opções de refúgio, ainda que a viagem tivesse sido preparada ao pormenor.
Pelos relatos do português, a pessoa que colocou a bomba foi detida no dia seguinte. Apesar dos números inicialmente avançados pela imprensa internacional, a imprensa local retificou nos dias seguintes essa contagem, contabilizando-se mais mortes, incluindo a de 2 indivíduos de nacionalidade portuguesa e também um aumento no número de feridos.
Neste momento, encontravam-se sem hotel, desorientados, com incerteza- devido ao decréscimo momentâneo do índice de segurança do país- e com o sonho de entrar na Ásia. Assim, Gonçalo e os amigos concluíram que não fazia sentido continuar a viagem, deparando-se, ainda, com outra questão pertinente: baseado nos atentados terroristas do passado, como o de Bruxelas, em 2016, estes atos possuem, após um primeiro alvo no centro da cidade, um segundo: o aeroporto.
Apesar disso, o aeroporto era o local onde mais se sentiam seguros e resguardados, pelo que aquela que seria uma semana de descoberta pela Turquia, tornou-se num fim-de-semana de viagens com muitas emoções à flor da pele.
No mesmo dia, 13 de novembro, voltaram para Hamburgo e na segunda-feira que se seguiu já se encontravam em terras lusitanas, tendo o Gonçalo celebrado o aniversário em casa.
A existência de uma aplicação móvel do Registo de Viajante foi fulcral para este grupo, que tem por hábito viajar, tendo-a descarregado e indicado o país de destino e as datas da viagem, de forma que caso houvesse alguma ameaça nesse país terceiro fosse mais acessível a comunicação com os mesmos. Mesmo não sendo necessário qualquer apoio, a sua ativação seguiu, deixando-os mais seguros. É quase como uma segurança gratuita.
E para o futuro? Será que esta alma de viajante se atreve a voltar a pôr os pés num avião?
A verdade é que com tal acontecimento, houve uma clara desmotivação, aliás, o Gonçalo tinha comprado uma viagem para o Funchal, uns dias depois da ida a Istambul, que a acabou por cancelar, dada a desmotivação em que se encontrava.
De facto, a segurança de um país poderá ser muito subjetiva, e volátil. Por exemplo: a Disneyland é um dos principais destinos para viagens familiares, ainda que já tenham ocorrido atentados em França. Assim sendo, Gonçalo considera que “Não é preciso viajarmos para que esta instabilidade aumente, basta um acidente de carro ou alguma confusão que poderá pôr em causa a nossa segurança. Logo, este critério de segurança deve ser medido, mas com as suas devidas precauções”.
Acredito que uma das maiores riquezas que podemos ter é a descoberta de novos locais, culturas, gastronomias e pensamentos, pelo que, face a uma situação destas, ficaria também abalada, convicta de que adiar seria a melhor solução, caso existisse essa possibilidade. Mesmo assim, e com o devido tempo para assimilar todo o processo, acredito que a vontade de viajar não só regressaria, como ainda seria mais marcante.
O mais irónico é que o Gonçalo trabalha para uma companhia aérea.
Após os contratempos, acabaram por reaver o valor da viagem, embora o do hotel tenha ficado suspenso.
Aquela que seria, talvez, uma das viagens mais marcante para o grupo, dada a elevada diferença cultural do país, viu-se adiada para dias em que a segurança regresse a Istambul. Gonçalo confirma, contudo, assente que mesmo não tendo visitado o país, esta terá sido uma experiência bastante marcante para o grupo, tendo a elevada quantidade de decisões necessárias a tomar sido desafios difíceis de contornar, principalmente, com o receio dos próximos passos dos terroristas.
Com todos estes percalços, o grupo de amigos conseguiu reaver os dias não usufruídos de férias, mas talvez o destino, ou os ventos, tenham feito para que todos, sem saberem, marcassem alguns dias de férias coincidentes. Será um sinal de uma nova aventura?
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